Investing.com – Com a volatilidade no mercado de commodities e no dólar, a Petrobras (BVMF:PETR4) anunciou nesta terça-feira, 16, sua nova estratégia para comercialização de combustíveis, deixando de lado a política de paridade de importação (PPI), em busca do equilíbrio entre os mercados nacional e internacional. Analistas avaliaram como positivo o fim da incerteza sobre o assunto e o fato de que a estratégia relaciona, de alguma forma, os preços ao cenário externo.
Após o anúncio da política comercial, a empresa reduziu os preços da gasolina, diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP) vendidos às distribuidoras a partir amanhã. A diminuição nos preços da gasolina vendida nas refinarias da Petrobras será de R$0,40 por litro, ou 12,6%. Para o diesel, a retração será de R$0,44 o litro, ou 12,8%. Enquanto isso, o gás de cozinha vai contar com uma redução de R$8,97 por botijão de 13kg, uma baixa de 21,3%.
Às 13h34 (de Brasília), as ações preferenciais da Petrobras subiam 3,12%, a R$26,46.
Mudanças na política
A estatal de petróleo deve utilizar duas referências: o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a Petrobras. Conforme fato relevante divulgado ao mercado, o custo alternativo do cliente inclui as principais alternativas de suprimento, entre fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos. Enquanto isso, o valor marginal para a Petrobras é relacionado ao custo de oportunidade diante das alternativas para a companhia em produção, importação e exportação.
Em nota ao mercado, a Warren Investimentos avalia que a política anterior considerava o custo do produto refinado e a taxa de câmbio, assim como outros custos como frete e tarifas portuárias. Com a mudança de estratégia, a empresa quer ser mais competitiva em alguns mercados, mas sem afetar rentabilidade do negócio.
Na visão da Warren, o anúncio não traz novidades no cenário base, que previa a mudança da política em maio e continuidade da precificação lastreada em referências externas, aliada a questões regionais, segundo o analista Frederico Nobre. “A Petrobras segue com uma política de mercado e entendemos que a reação deve ser positiva, uma vez que havia muita desconfiança pairando sobre esse anúncio”. A Warren possui recomendação de compra para os papéis da Petrobras, com preço-alvo de R$34,50 para as ações preferenciais.
Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero, concorda que, ainda que a nova política de preços não siga estritamente a paridade internacional, ainda levará em consideração em seu cálculo a cotação internacional da commodity, adicionando custos locais de produção e margens de refino regionais. “Pode-se dizer que a mudança não foi tão radical como o esperado, o que pode justificar a alta de hoje nas ações. Por outro lado, tais mudanças na precificação podem impactar os resultados da empresa no médio/longo prazo, uma vez que os lucros ficam mais dependentes de um aumento nas vendas para compensar os preços menores praticados na nova política”.
A mudança na política de paridade já era amplamente esperada pelo mercado, e, segundo o economista André Perfeito, o momento político agora era oportuno, “afinal a empresa acaba de anunciar pagamento bilionário de dividendos e, assim, o eventual mal humor dos investidores com a alteração da política de preços da empresa pode ser em parte compensado pela decisão da diretoria em repassar um volume considerável aos sócios da empresa”. Enquanto isso, o economista acredita que o pagamento de dividendos foi mal-recebido por parte dos aliados do atual governo – e o anúncio veio para ajustar a balança frente às divergências com parte da esquerda.
Para a XP Investimentos (BVMF:XPBR31), pouco muda com o anúncio, mas a notícia é marginalmente positiva, na medida em que retira as dúvidas que rodeavam o assunto, pelo menos por enquanto. “A Petrobras tem sido (e tem boas probabilidades para continuar a ser) um bom investimento de retorno total devido ao pagamento de dividendos. Vemos a definição da nova política de dividendos como o próximo evento importante a ser observado”. A XP mantém recomendação de compra para os papéis.
Preço-justo e saúde financeira da Petrobras
A média das estimativas de analistas compiladas pelo InvestingPRO indica um preço-alvo de R$40,48 para os papéis preferenciais da estatal, com potencial de alta de 52,9% e grau de incerteza média.
A plataforma, que avalia a saúde financeira das companhias de 1 a 5, aponta o maior nível, ou “ótimo desempenho” para a empresa.
Para mais insights sobre a companhia, acesse o InvestingPRO.