Investing.com – Após a divulgação do plano estratégico da Petrobras (BVMF:PETR4) para o período 2024-2028, com previsão de investimentos de US$ 102 bilhões para o período, analistas ressaltam a expectativa de diminuição nos proventos da companhia neste intervalo, ainda que com dúvidas sobre uma mudança maior no curto prazo. Grandes bancos, como Santander (BVMF:SANB11), Itaú (BVMF:ITUB4) e BTG (BVMF:BPAC11), mantiveram suas recomendações para os papéis. O mercado reagiu de forma negativa na abertura do pregão, mas às 11h56 (de Brasília), as ações preferenciais registravam alta de 0,91%, a R$35,49.
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Este é o primeiro plano da atual gestão, com governo sob comando do novo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e marca o primeiro momento de inclusão de investimentos de baixo carbono no portfólio da empresa.
Em fato relevante, a Petrobras anunciou que o plano “visa preparar a Petrobras para o futuro e fortalecer a companhia iniciando um processo de integração de fontes energéticas essencial para uma transição energética justa e responsável”.
A estatal de petróleo apontou que as commodities petróleo e gás natural continuam como os principais drivers, enquanto investimentos rentáveis em baixo carbono passam a adquirir maior relevância mirando o longo prazo.
O que prevê o novo plano
O plano estratégico 2024-2028 prevê um capex total de US$102 bilhões, 31% superior ao plano passado, de US$78 bilhões. Segundo a Petrobras, a elevação ocorre devido a novos projetos, incluindo potenciais aquisições, além de “ativos que estavam em desinvestimentos e voltaram para a carteira de investimentos da companhia e à inflação de custos, que impactou toda a cadeia de suprimentos”.
“Acreditamos que investidores fundamentalistas e de longo prazo poderão acolher com satisfação a orientação clara para o capex total, incluindo uma estimativa para as iniciativas ainda imaturas, e o reforço do processo de governança da empresa para aprovação de projetos”, avalia o banco Itaú BBA, em relatório divulgado aos clientes e ao mercado
Os analistas elogiaram o fato de menção e estimativas para potenciais investimentos em estágio inicial, incluindo petroquímico, fertilizantes, renováveis e novas embarcações, o que traz, segundo o banco, mais clareza aos investidores sobre o futuro da companhia,
No entanto, entre os principais pontos de frustração mencionados pelo Itaú BBA, estariam estimativas mais baixas para a produção petrolífera planeada em 2025 e 2026. Além disso, estaria “a faixa de 5 a 10 mil milhões de dólares para potenciais dividendos extraordinários para os próximos cinco anos”, o que pode levar a um rendimento de dividendos menor para os próximos anos, principalmente na comparação com outras companhias petrolíferas de grande porte.
O Itaú BBA possui recomendação market perform, equivalente à neutra, para a Petrobras, com preço-alvo para os papéis preferenciais de R$38,0 e US$14,5 para as ADRs.
Na opinião do banco Santander, o potencial de FCF e dividendos de curto prazo permanece, mesmo com o maior capex. “Apesar do maior investimento em US$ 102 bilhões, esperamos que o mercado se concentre: no fato de que apenas US$91 bilhões em investimentos está em fase de implementação, estando os restantes ainda em avaliação e sujeitos a aprovação, M&A está incluído no orçamento geral de investimentos; e os dividendos extraordinários permanecem com previsão de fluxo de caixa”.
Para 2024, o guidance de produção foi elevado em 5% e o investimento mantido em cerca de US$18 bilhões, lembra o banco, o que pode apoiar uma forte geração de caixa no curto prazo e pagamento de dividendos, ponto chave para a tese da estatal.
Ainda que o guidance de produção para 2025-26 esteja ligeiramente abaixo do plano anterior, diante de problemas na cadeia de algumas unidades produtivas, a produção a foi mantida em 2,5 Mbpd, assim como o foco no pré-sal, completam os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz.
O Santander possui classificação outperform para as ações da Petrobras, equivalente à compra, com preço-alvo de US$15,30.
O banco BTG avalia que o plano “não parece minar os aspectos-chave da perspectiva ainda otimista sobre a Petrobras”, tendo em vista que, com as mudanças nos principais pilares, incluindo na política de preços, distribuição de dividendos e criação de reservas de capital, as "ações valem mais do que palavras”.
Os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte recordam que a empresa passou por uma transformação nos últimos nove anos, com desalavancagem e diminuição de custos. “Esta disciplina fiscal, aliada a uma gradual diversificação, deverá ainda impulsionar a geração robusta de FCF no previsível futuro”, acreditam.
O capex para o ano que vem pode parecer elevado, segundo o banco, mas a expectativa é de que a realização dos valores seja inferior. No entanto, os movimentos atuais estariam na direção errada e poderiam iniciar um processo de redução da eficiência na empresa. O BTG possui recomendação de compra, com preço-alvo de US$16.
A Ativa Investimentos aponta que o segmento de exploração é produção de petróleo fica proporcionalmente menor do novo plano, ao passo que o refino teve expansão superior a 80%. O baixo carbono também ganhará mais destaque. “O novo plano visa ainda executar projetos de revitalização em águas profundas, aumentar o fator de recuperação de campos maduros, destinar US$3,1 bi à Margem Equatorial (BVMF:EQTL3), o mesmo montante às Bacias do Sudeste e US$1,3 bi para exploração em outros países".
Como ficam os dividendos?
O Santander detalha que as expectativas de entrada de caixa seguem, mas os pagamentos de dividendos previstos para 2024-28 são mais baixos diante da nova política de dividendos implementada em 2023 e o maior investimento. “As previsões de dividendos foram reduzidas para US$ 40-45 bilhões para 2024-28 (de US$ 65-70 bilhões anteriormente) devido à mudança na política de dividendos e maior investimento, em nossa visão, o que também afetou a previsão de dividendos extraordinários (US$ 5-10 bilhões vs. US$ 10-15 bilhões anteriormente)”, conclui.
O Itaú BBA afirma que pode “haver alguma frustração relativamente aos valores mais baixos da produção e aos modestos dividendos extraordinários implícitos, especialmente entre os investidores de curto prazo”.
Segundo a Ativa Investimentos, o plano, que aposta na manutenção de uma geração de caixa sólida, “aumenta o montante de investimentos em detrimento da remuneração do acionista, cuja expectativa foi diminuída frente ao último plano quinquenal”, completa o analista Ilan Arbetman.
O BTG, por sua vez, disse que “ainda que algumas fusões e aquisições sejam executadas, não acreditamos que comprometam a capacidade da empresa distribuir dividendos atrativos”.
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