Investing.com – A petrolífera Petrobras (BVMF:PETR4) divulga seus resultados financeiros do primeiro trimestre de 2023 nesta quinta-feira, 11, com investidores atentos a respeito do plano de investimentos e de atualizações da política de distribuição de proventos, que vem sendo criticada pelo governo, principal acionista e responsável pelo controle da companhia. A conferência de resultados da estatal está marcada para 12 de maio, sexta-feira, às 10h30 (horário de Brasília). Nesta quarta-feira, 10, as ações preferenciais da Petrobras fecharam o pregão em queda de 0,24%, a R$24,53.
Em seu relatório de produção e vendas referente ao período entre janeiro e março, divulgado em 03 de maio, a Petrobras informou que obteve produção média de óleo, LGN e gás natural de 2,68 milhões de boed, 1,1% acima do total registrado no quarto trimestre. A alta ocorreu devido ao início do ramp-up da P-71, no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, da entrada de 8 novos poços na Bacia de Campos e de ganhos de eficiência, conforme o documento.
Balanço Petrobras: Dividendos e capex devem ser o foco das atenções
A política de remuneração atual prevê que a Petrobras possa distribuir 60% do fluxo de caixa operacional menos o capex. No final de abril, os acionistas aprovaram, em assembleia, o pagamento de dividendos complementares de R$35,8 bilhões anunciados com os resultados do quarto trimestre do ano passado.
Também em assembleia, acionistas elegeram o novo Conselho de Administração sob o governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Com as promessas de campanha de Lula a respeito dos combustíveis, defendidas também pelo novo CEO, Jean Paul Prates, os investidores estão cautelosos sobre como o balanço deve tratar a política de dividendos da companhia.
Desde a campanha eleitoral, Lula critica a política de preços e a estratégia de distribuição dos proventos, que vem beneficiando os acionistas em detrimento da realização de investimentos, na visão do presidente. O entendimento do petista é de que a distribuição deveria ser reduzida, para viabilizar recursos para pesquisa e desenvolvimento.
“A Petrobras, que no nosso tempo era uma empresa de desenvolvimento desse país, agora é uma empresa exportadora de óleo cru. Não foi para isso que nós descobrimos o pré-sal", disse Lula em março deste ano.
Para Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos e Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, esses serão os dois pontos cruciais para análise do balanço. Cruz reforça que o desejo político do governo é de elevar os investimentos, seja em energia renovável, construção de plataformas, entre outras possíveis iniciativas. “O governo vem sofrendo derrotas no Congresso, então acreditamos que as interferências nas estatais devem ser maiores", aponta o estrategista, que acredita em uma redução do pagamento de dividendos para o mínimo necessário.
Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, considera que o mercado espera a manutenção da política de distribuição, mas também não está otimista sobre o tema. “Caso a Petrobras mantenha a estratégia de distribuição, o pagamento seria bem elevado e a ação deve reagir bem. Mas sabemos que isso deve mudar. O presidente Lula e o PT são contra a distribuição de dividendos, Lula já comentou que não está de acordo com essa política e sabemos que a chance de mudança é bem alta em algum momento, mas não sabemos ao certo se será nesse primeiro trimestre.”
O que esperar do balanço da Petrobras (PETR4)?
A média das projeções de lucro por ação (LPA) de analistas compiladas pelo InvestingPRO aponta para um valor de R$ 2,06 por ação para o resultado dos três primeiros meses deste ano, enquanto a receita é estimada em R$135,3 bilhões. Como mostra a imagem abaixo, um estudo do histórico dos indicadores financeiros da Petrobras aponta para uma possível diminuição desse indicador, na comparação com os dois trimestres imediatamente anteriores.
Enquanto o LPA entre outubro e dezembro foi de R$3,29, a receita atingiu R$158,6 bilhões. A receita saltou de R$137 bilhões no primeiro trimestre do ano passado para R$180,9 bilhões no segundo, com uma retração para R$170,1 bilhões no terceiro trimestre de 2022.
Fonte: InvestingPRO
A receita foi impulsionada a partir do segundo trimestre do ano passado pela elevação da cotação do barril do petróleo, o que resultou em indicadores financeiros recordes, beneficiando o pagamento de dividendos aos acionistas. No entanto, como os preços da commodity vem passando por um processo de acomodação, os analistas consultados pelo Investing.com Brasil acreditam que haverá impacto no balanço.
“Muitas gestoras seguraram o papel da Petrobras no portfólio porque a política trazia dividendos muito fortes. Tivemos o petróleo passando US$100 o barril, o que impulsionou a Petrobras e outras petroleiras no mundo. Nesse trimestre, os dados vão ser mais fracos, tanto para a empresa quanto para outras, com impactos na receita e no lucro, pois, nesse trimestre os preços rondaram US$80 o barril, e este é o principal produto”, avalia Cruz.
“A Petrobras já anunciou a volta de produção de alguns campos no cluster de Bahia Terra e talvez isso tenha aumentado o capex da companhia”, completa Haag.
Fonte: Investing.com
Qual o preço-justo para Petrobras?
Ainda conforme dados apontados pela plataforma InvestingPRO, a média das estimativas de analistas compiladas indica um preço-justo para as ações preferenciais de R$38,10, potencial de alta de 54,8%.
Além disso, para as ADRs negociadas nos Estados Unidos (EUA), o preço-justo é projetado em US$16,49, upside de 48%.
Fonte: InvestingPRO
Qual a comparação frente aos pares?
Por meio da ferramenta de comparação do InvestingPRO, é possível comparar as ações da Petrobras frente a outras companhias de petróleo do país. A ferramenta mostra que o potencial de valorização da companhia é maior frente aos pares, mas os analistas consultados pelo Investing.com Brasil lembram que as incertezas a respeito de políticas de dividendos e investimentos da companhia podem mudar o entendimento sobre os riscos da petroleira com a gestão do novo governo.
Fonte: InvestingPRO
Aviso: Este conteúdo foi escrito apenas com fins informativos e não constitui qualquer solicitação, oferta, conselho ou recomendação de investimento, não tendo por objetivo incentivar a compra de ativos de nenhuma forma. As informações detalhadas são com base na ferramenta InvestingPRO e os apontamentos técnicos de analistas consultados pela equipe de jornalismo.