Investimento da Petrobras em 5 anos cairá 1,8% para US$109 bi; plano projeta menos dividendos

Publicado 27.11.2025, 21:55
Atualizado 28.11.2025, 00:21
© Reuters.

Por Marta Nogueira e Fabio Teixeira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras aprovou investimentos de US$109 bilhões entre 2026 e 2030, montante que representa uma queda de cerca de 1,8% na comparação com o seu plano quinquenal anterior (2025-2029), com uma baixa nos preços do petróleo apertando o "compromisso" da empresa com a disciplina de capital e controle de gastos.

Mas a redução nos investimentos previstos não atingiu a divisão de Exploração & Produção de petróleo, que pode até mesmo receber mais aportes em cinco anos ante o programa anterior, dependendo do valor da commodity. O corte aconteceu principalmente em projetos de energias de baixo carbono e em iniciativas de descarbonização, informou a companhia em fato relevante ao mercado nesta quinta-feira.

O valor aprovado confirma reportagem da Reuters publicada na véspera, que apontou que o conselho de administração avaliaria a cifra de US$109 bilhões, marcando o primeiro recuo no investimento da estatal em seu plano plurianual desde o programa anunciado em 2020, em plena pandemia de Covid-19.

Do total, US$91 bilhões estão previstos na carteira de projetos em implantação, mas este montante pode ser reduzido para US$81 bilhões, se o petróleo ficar mais baixo, com a companhia criando um novo mecanismo para dar segurança à financiabilidade do plano.

"Avaliações trimestrais, à luz das projeções de fluxo de caixa e estrutura de capital, determinarão o avanço desses projetos, bem como eventual priorização", destacou a companhia.

"Se o Brent ficar abaixo de US$63, se a produção estimada não vier como esperado, se cai outra variável, pode-se cortar", disse uma fonte próxima da Petrobras, na condição de anonimato.

Nas premissas do plano, a Petrobras prevê agora o Brent, referência internacional do preço do petróleo, a US$63 o barril em 2026, contra US$77 no plano anterior, além de projetar o valor de US$70 para os anos seguintes.

Outros US$18 bilhões em investimentos, enquadrados na carteira de projetos em avaliação, composta por oportunidades com menor grau de maturidade, somam-se ao US$91 bilhões para totalizar os recursos previstos.

Agora estão previstos US$19,4 bilhões em investimentos para 2026, atingindo um pico no horizonte do plano de US$21 bilhões em 2027, para depois cair para US$20,5 bilhões em 2028, US$16,1 bilhões em 2029 e US$14,3 bilhões em 2030 --no plano anterior, o pico de investimentos era visto em US$20,9 bilhões em 2028.

Além de prometer maior eficiência na alocação do capex, a companhia prevê medidas para otimizar custos, com economia estimada de US$12 bilhões nos gastos operacionais gerenciáveis entre 2025 e 2030, o que representa uma redução média anual de 8,5% em relação ao plano anterior, disse a Petrobras.

Entre as iniciativas, a companhia citou redução de gastos em plataformas sem produção, otimização da logística aérea e marítima, otimização das intervenções em poços e inspeções submarinas e outras.

A Petrobras ainda demonstrou maior cautela com a remuneração aos acionistas em um ambiente mais desafiador do preço do petróleo.

No relatório, a companhia disse que os dividendos ordinários ficarão em faixa de US$45 bilhões a US$50 bilhões no período do plano, enquanto no plano anterior a previsão era até US$55 bilhões. Em contrapartida, a empresa deixou de prever dividendos extraordinários, que antes eram vistos em até US$10 bilhões.

PICO DE PRODUÇÃO

Apesar do recuo no investimento, se o mercado de petróleo se mantiver firme, a área de Exploração e Produção poderá até mesmo elevar seus investimentos, já que a empresa busca acelerar sua produção.

A Petrobras elevou em US$1 bilhão os investimentos em Exploração e Produção de petróleo e gás (E&P) em relação ao plano anterior. Principal foco da companhia, a área soma US$78 bilhões do total previsto para os próximos cinco anos, versus US$77 bilhões no plano anterior.

Neste contexto, a Petrobras prevê atingir, no quinquênio, o pico de produção de óleo de 2,7 milhões de barris por dia (bpd) em 2028, um volume de 200 mil bpd acima do previsto para 2026.

Para o ano que vem, a produção de petróleo da Petrobras deve crescer 100 mil bpd em relação aos 2,4 milhões de bpd previstos para 2025, destacou a empresa, ressaltando que esse número representa o topo da banda da meta.

Em 2027, a empresa projeta produzir 2,6 milhões de bpd, mesmo nível projetado para os dois últimos anos do plano.

Considerando a produção de petróleo e gás, o pico de produção no horizonte do plano seria de 3,4 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia (boed), em 2028 e 2029, em projeções anuais com uma margem de variação de 4% para mais ou para menos.

O aumento da produção da petroleira nos próximos anos vai se dar com a implantação de oito novos sistemas de produção até 2030, sendo que sete já estão contratados. A Petrobras disse que atua como operadora de todos esses campos, com exceção do Raia, operado pela Equinor .

Mas é do campo de Búzios, no pré-sal Bacia de Santos, que virá boa parte do crescimento. Lá, a Petrobras prevê concluir a implantação de 11 unidades FPSOs até 2027, com entrada em operação das plataformas já contratadas P-78, P-79, P-80, P-82 e P-83, "além de estar em licitação uma 12ª unidade de produção, a P-91". 

REFINO E CORTE EM OUTRAS ENERGIAS

Os investimentos em Refino, Transporte e Comercialização foram estimados em cerca de US$20 bilhões, estáveis ante o previsto no programa anterior.

Esses recursos serão direcionados a projetos para ampliar a capacidade instalada de processamento de 1,8 milhão bpd para 2,1 milhões bpd até 2030, um acréscimo de 320 mil bpd, incluindo os projetos em avaliação.

Já na área de Gás e Energias de Baixo Carbono, a Petrobras anunciou investimentos de US$9 bilhões, redução ante os US$11 bilhões no plano anterior. A Área Corporativa também teve os aportes previstos reduzidos a US$2 bilhões, versus US$3 bilhões anteriormente.

A Petrobras cortou investimentos em descarbonização (emissões operacionais) para US$4,3 bilhões no horizonte do plano, US$1 bilhão a menos em relação ao programa anterior.

Além disso, reduziu os aportes previstos para energias de baixo carbono (eólica onshore, solar e outras) para US$3,1 bilhões, versus US$5,7 bilhões.

Por outro lado, aumentou para US$4,8 bilhões o total para a área de biocombustíveis, versus US$4,3 bilhões no plano anterior, com o etanol mantendo os mesmos US$2,2 bilhões, embora desde o ano passado a companhia não tenha anunciado qualquer acordo com usinas.

(Por Marta Nogueira, Rodrigo Viga Gaier e Fábio Teixeira, no Rio de Janeiro, reportagem adicional de Andre Romani, em São Paulo)

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