Por Marta Nogueira e Roberto Samora
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) teve lucro líquido recorde de 106,7 bilhões de reais em 2021, ante 7,1 bilhões no ano anterior, principalmente devido ao avanço de 77% do preço do barril do petróleo no período e valores mais altos dos combustíveis.
Paralelamente ao resultado, a companhia informou nesta quarta-feira o pagamento de dividendos também recordes de 101,4 bilhões de reais referentes ao exercício de 2021.
Contribuíram com o lucro maiores volumes de venda no mercado interno e melhores margens de derivados, com impulso da "retomada econômica após o auge da pandemia da Covid‐19 em 2020", segundo a empresa.
A petroleira, que foi beneficiada também por maior comercialização de gás e energia elétrica, registrou recebimentos pela venda de ativos superior a 25 bilhões de reais em 2021.
O Ebitda ajustado somou 234,58 bilhões de reais, alta de 64% ante o ano anterior.
No quarto trimestre, a empresa teve um lucro líquido de 31,5 bilhões de reais, contra resultado trimestral recorde de 59,9 bilhões de reais no mesmo período de 2020, quando houve uma importante reversão de baixa contábil.
Em nota, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse que os resultados do quarto trimestre foram consistentes e mostraram "que uma empresa saudável e comprometida com a sociedade é capaz de crescer, investir, gerar empregos, pagar tributos e retornar dinheiro aos seus acionistas, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento do país".
O conselho da Petrobras aprovou dividendos complementares de 37,3 bilhões de reais nesta quarta-feira, somando um total de 101,4 bilhões de reais relativos ao exercício de 2021.
"Nada disso seria possível para uma empresa endividada sem capacidade de gerar valor. Estes resultados demonstram que a qualidade do nosso trabalho se traduz de maneira inequívoca em riqueza para a sociedade", disse Luna, no relatório financeiro.
O pagamento recorde de dividendos foi possível após a companhia ter batido antecipadamente sua meta de dívida bruta de 60 bilhões de dólares no terceiro trimestre, prevista originalmente para 2022.
No fim de 2021, a dívida bruta alcançou 58,7 bilhões de dólares, queda de 1% ante o trimestre anterior, principalmente em função de pré‐pagamentos e amortizações de dívidas. Em 2021, a redução foi de 22%.
A estatal informou ainda que recolheu em 2021 o total de 202,9 bilhões de reais em tributos e participações governamentais, versus 128,7 bilhões de reais em 2020.
A receita líquida cresceu 66% no ano passado em relação a 2020, para 452,7 bilhões de reais, devido à alta de 77% do preço do Brent em reais e ao aumento da demanda no mercado interno.
A empresa destacou ainda o aumento nas vendas de gás natural e energia elétrica, tendo em vista o aumento do despacho termelétrico em 2021 e a recuperação da demanda do segmento industrial.
RESULTADO TRIMESTRAL
O lucro líquido no quarto trimestre ficou semelhante aos 31,1 bilhões de reais registrados no trimestre anterior.
A empresa pontuou que no quarto trimestre houve menor reversão de impairment e maiores gastos com importação e participações governamentais.
"Por outro lado, tivemos maiores preços de venda, menor desvalorização cambial e ganhos com alienação de ativos", disse a empresa.
O resultado trimestral também foi beneficiado por itens não recorrentes, devido a ganho com vendas de ativos e com o recebimento pelo acordo de coparticipação referente ao excedente da Cessão Onerosa do campo de Búzios, dentre outros fatores, disse a companhia.
No total, a empresa recebeu 10,44 bilhões de reais pela venda de ativos no quarto trimestre, somando 25,49 bilhões de reais no ano.
Ao excluir os efeitos não recorrentes, o lucro líquido trimestral teria sido de 23,8 bilhões de reais.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou 62,9 bilhões de reais entre outubro e dezembro, alta de 33,8% na comparação anual.
A receita de vendas subiu 10% no quarto trimestre em relação ao período entre julho e setembro, também em função da valorização de 16% do Brent no período e de fatores de conversão cambial.
"Estes fatores foram parcialmente compensados pelo menor volume de exportação de petróleo e de vendas de derivados no mercado interno, com destaque para o diesel e GLP, devido à sazonalidade do consumo destes produtos", disse a empresa.
As vendas de gasolina tiveram efeito inverso, com maiores volumes devido à sazonalidade do produto e ganho de participação de mercado sobre o etanol pela competitividade em preços para o consumidor, que favoreceu a opção do consumidor pelo combustível fóssil em todos os Estados do Brasil.
Houve ainda queda nas receitas com energia elétrica, tendo em vista o menor despacho termelétrico com a melhora nas condições hidrológicas no quarto trimestre.