Plano da Apple de pesquisa com IA no Safari ameaça domínio do Google

Publicado 07.05.2025, 20:38
Atualizado 07.05.2025, 20:40
© Reuters. Pessoa passa pela loja da Apple na Quinta Avenida, em Nova York, EUAn1º/05/2025nREUTERS/Kylie Cooper

Por Aditya Soni e Jody Godoy

(Reuters) - Os planos da Apple (NASDAQ:AAPL) de adicionar opções de pesquisa com IA ao seu navegador Safari representam um grande golpe para o Google, cujo lucrativo negócio de publicidade depende significativamente dos clientes do iPhone que usam seu mecanismo de pesquisa.

A notícia abalou as ações da Alphabet (NASDAQ:GOOGL), empresa controladora do Google, que fecharam em queda de 7,3%, eliminando cerca de US$ 150 bilhões de seu valor de mercado.

A fabricante do iPhone estava "analisando ativamente" a reformulação do Safari, disse uma fonte familiarizada com o assunto à Reuters, citando o executivo da Apple Eddy Cue, que prestou depoimento em caso antitruste nesta quarta-feira sobre o domínio do Google na busca online.

Cue afirmou que as buscas no Safari caíram pela primeira vez no mês passado devido ao fato de os usuários recorrerem cada vez mais à IA, segundo a fonte. As ações da Apple fecharam em queda de 1,1%.

O comentário sugere que uma mudança radical na pesquisa está a caminho, ameaçando o negócio dominante do Google -- destino de publicidade para os profissionais de marketing transformado em alvo para os órgãos de defesas da concorrência dos EUA, que entraram com dois grandes processos contra a empresa.

O Google é o mecanismo de busca padrão no navegador da Apple, posição cobiçada pela qual ele paga à fabricante do iPhone cerca de US$20 bilhões por ano, ou cerca de 36% de sua receita de publicidade de busca gerada pelo navegador Safari, de acordo com estimativas de analistas.

Proibir o Google de pagar às empresas para ser o mecanismo de busca padrão está entre as soluções propostas pelo Departamento de Justiça dos EUA para acabar com seu domínio na busca online.

"A perda da exclusividade da Apple deve ter consequências muito graves para o Google, mesmo que não haja outras medidas", disse Gil Luria, analista da D.A. Davidson.

"Muitos anunciantes têm toda a sua publicidade de busca com o Google porque ele é praticamente um monopólio com quase 90% de participação. Se houvesse outras alternativas viáveis para a pesquisa, muitos anunciantes poderiam transferir grande parte de seus orçamentos de publicidade para fora do Google", disse Luria.

Mas o Google não está indefeso.

Considerado pelos críticos como um azarão na corrida da IA após o badalado lançamento do ChatGPT no final de 2022, o Google usou seus bolsos cheios para financiar esforços na área de IA e aproveitar seu vasto acervo de dados.

A empresa introduziu um "modo de IA" em sua página de pesquisa no início deste ano, buscando impedir que milhões de usuários migrem para outros modelos de IA.

Recentemente, expandiu as visões gerais de IA -- resumos que aparecem sobre os hiperlinks tradicionais para páginas da Web relevantes em uma consulta de pesquisa -- para usuários em mais de 100 países e adicionou anúncios ao recurso, aumentando as vendas de anúncios de pesquisa.

Ao depor em  um julgamento antitruste no mês passado, o CEO Sundar Pichai disse que o Google espera entrar em um acordo com a Apple até o meio deste ano para incluir sua tecnologia Gemini AI em novos telefones.

Nesta quarta-feira, Cue, da Apple, também disse que a empresa adicionaria provedores de pesquisa de IA, incluindo OpenAI e Perplexity AI, como opções de pesquisa no futuro, informou a Bloomberg.

"(O plano da Apple) também mostra até onde chegaram os sites de pesquisa generativa, como o ChatGPT e o Perplexity", disse Yory Wurmser, principal analista de publicidade, mídia e tecnologia da eMarketer.

O fato de o Google estar disposto a pagar dezenas de bilhões de dólares para continuar sendo o mecanismo de busca padrão mostra como os acordos são cruciais, disse Wurmser.

Por exemplo, em abril, o ChatGPT informou ter feito mais de 1 bilhão de buscas semanais na Web. Ele teve mais de 400 milhões de usuários ativos por semana em fevereiro.

(Reportagem de Jody Godoy em Washington e Arsheeya Bajwa e Aditya Soni em Bengaluru; reportagem adicional de Deborah Sophia)

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