Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Segundo matéria publicada pelo Valor Econômico na última terça-feira (9), o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) pode entrar com um processo no Cade contra a operação brasileira do Mercado Livre (NASDAQ:MELI) (SA:MELI34) alegando concorrência desleal. Isso, segundo o Goldman Sachs, poderia pressionar as ações no curto prazo.
Ainda assim, o banco mantém sua recomendação de Compra para a ação, com preço-alvo de US$ 2.010. O papel fechou as negociações desta quarta-feira (10) em alta de 1,45%, a US$ 1.905,27, depois de ter registrado máxima de US$ 1.930 e mínima de US$ 1.863,99 ao longo do dia. O Nasdaq, índice em que a ação é negociada, fechou em baixa de 0,25%, aos 13.972 pontos.
O IDV é uma associação da indústria do varejo que une 70 das maiores varejistas do Brasil, incluindo os concorrentes diretos do Mercado Livre Magazine Luiza (SA:MGLU3), B2W (SA:BTOW3) e Via Varejo (SA:VVAR3).
A alegação da associação é que a empresa permite que indivíduos e pequenos varejistas vendam produtos sem emitir notas fiscais ou fornecer provas da origem dos produtos. Isso, segundo o IDV, criaria uma vantagem injusta sobre os concorrentes.
Na visão do Goldman Sachs, há uma série de fatores que limita as vendas informais na plataforma do Mercado Livre. Em primeiro lugar, todas as transações são processadas pelo Mercado Pago, braço de pagamentos da companhia, que requer que os vendedores apresentem CPF ou CNPJ e o valor de todas as vendas. Além disso, segundo o Mercado Livre, toda essa informação é dividida com a receita federal.
No terceiro trimestre, segundo o banco, 68% dos envios de produtos foram realizados pela rede de logística do Mercado Livre, o que requer a emissão de notas fiscais. A perspectiva do Goldman é que esse percentual tenha sido ainda maior no quarto trimestre.
Além disso, segundo Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, a companhia tem encorajado os vendedores a se tornarem empresas formais. A plataforma oferece ferramentas gratuitas para ajudar na emissão de notas fiscais e na contabilidade dos vendedores.
Tese de investimento
Deixando de lado o potencial processo, o Goldman Sachs acredita que a Mercado Livre está alavancando com sucesso as mudanças de comportamento do consumidor impulsionadas pela pandemia, além de estar executando uma agenda que cobre áreas estratégicas como logística, seleção, precificação, experiência do consumidor e serviços financeiros.
Os principais riscos para a performance da companhia, na visão do banco, são a volatilidade cambial, que impacta negativamente a tradução dos resultados; o aumento da concorrência no marketplace; investimentos acima do esperado impactando o fluxo de caixa e os retornos; e a intensificação da concorrência no setor de pagamentos.