Queda no investimento plurianual da Petrobras, a 1ª sob Lula, será mínima, indicam fontes

Publicado 26.11.2025, 13:39
Atualizado 26.11.2025, 13:42
© Reuters.

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O plano de investimento quinquenal da Petrobras terá a primeira queda sob o governo Lula pelo impacto do patamar mais baixo do preço do petróleo, mas o total previsto no período entre 2026 e 2030 ainda será muito semelhante ao atual programa, recuando apenas cerca de 2%, disseram três fontes a par do assunto à Reuters.

O cálculo considera aportes de cerca de US$109 bilhões, que serão anunciados na quinta-feira, mas ainda precisarão passar pelo conselho de administração da empresa antes de serem confirmados. Procurada, a companhia não comentou o assunto imediatamente.

O volume de recursos do novo plano estratégico ficaria próximo dos US$111 bilhões previstos para período 2025-2029, mas seria a primeira queda anual no investimento de um programa da estatal desde o anunciado ao final de 2020 para o período 2021-25, durante a pandemia, ainda no governo Jair Bolsonaro.

Desde que assumiu o cargo, Lula tem pressionado a empresa a investir mais para impulsionar a economia do país. No próximo ano, o presidente pretende concorrer a um quarto mandato.

O programa buscará aumento da produção e do refino, enquanto a empresa focará na redução de custos para fazer frente à queda do petróleo Brent, acrescentaram as fontes, que pediram para não ser identificadas.

"A empresa tem que fazer mais com menos e se adaptar e se ajustar à nova realidade (do petróleo) Brent. As premissas básicas são não aumentar o endividamento nem mudar a política de dividendos. Com o Brent nesse patamar, é manobrar internamente", disse uma fonte sobre o programa atualizado todos os anos.

O petróleo Brent operava nesta quarta-feira próximo de US$62,35 o barril, patamar ainda mais baixo do que a média registrada nos nove primeiros meses do ano, de US$70,85, que já indicou uma queda de 14,4% ante o mesmo período de 2024, segundo dados da Petrobras.

"A Petrobras nesse plano vai olhar ainda mais pra dentro e buscará ser mais produtiva e mais eficiente diante de um Brent menor. Mas isso não significa dizer que não continuaremos a ter bons resultados. Pelo contrário, vide o que aconteceu no terceiro trimestre", adicionou uma segunda fonte.

A Petrobras apurou lucro líquido de US$6,03 bilhões no terceiro trimestre, alta de 2,7% na comparação anual, apesar de uma queda do preço do petróleo.

Para 2025, a companhia tinha como premissa no plano anterior um petróleo a US$83,2 o barril, em média.

"O novo plano não será um papel com promessas ou obra do Spielberg (diretor de cinema Steven Spielberg). O diferencial dessa gestão é a execução e assim será, com Brent mais alto ou baixo", ponderou uma das fontes.

"Agora é: falou, mostrou. O plano será em números parecido com o atual, mas o que vale é a qualidade do investimento", adicionou.

Nesse novo cenário de petróleo oscilando da casa dos US$60, a empresa fará o "dever de casa" para honrar compromissos e metas. Um dos objetivos é aumentar a produção de petróleo e gás no país a partir da expansão da capacidade de unidades, reduzindo custos.

A empresa está mapeando outras plataformas que possam seguir os passos do FPSO Almirante Tamandaré, que foi projetada para uma produção de 225 mil barris por dia (bpd), mas em outubro alcançou uma vazão instantânea recorde de 270 mil bpd graças a um incremento na capacidade nominal da unidade.

"A Petrobras já está estudando como replicar isso em outras unidades e tirar mais das plataformas já existentes", afirmou uma das fontes.

A divisão de Exploração & Produção de Petróleo costuma responder por grande parte dos investimentos da estatal, somando US$77 bilhões dos US$111 bilhões no plano atual.

Na linha de redução de custos, a Petrobras poderá reavaliar empreendimentos e negociar com fornecedores até a simplificação de projetos.

"A empresa vai usar suas ferramentas para encarar a realidade do mercado, mas sem perder de vista a ampliação do ’market share’ e da produção. É possível fazer isso sem sacrificar o investimento. Como? Reduzindo custos e sendo mais proficiente", afirmou uma das fontes.

REFINO

A divisão Refino, Transporte e Comercialização (RTC), a segunda maior em investimentos, deverá manter sua importância na divisão de recursos à medida que a empresa busca incremento na sua capacidade de refino.

A proposta é também aumentar o nível de utilização das refinarias, realizando investimentos no parque que conta atualmente com 11 refinarias e uma capacidade de processamento de 1,8 milhão de barris ao dia.

"A demanda interna segue crescendo e a Petrobras quer atender essa expansão do mercado brasileiro. Está previsto ’revamp’ para quase todo parque de refino da empresa. Refino não é um projeto simples, leva uns quatro anos para sair", declarou uma das fontes.

Ao final de outubro, o diretor executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, antecipou durante um evento que a companhia deverá manter grandes investimentos para a ampliação de refinarias, em eficiência energética e retomada do setor de fertilizantes.

No plano anterior, a empresa previu US$20 bilhões para o segmento RTC.

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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