Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A reforma estatutária proposta pelo conselho de administração da Estácio Participações (SA:ESTC3) deve levar o empresário Chaim Zaher a repensar os planos de ampliar sua participação no segundo maior grupo de ensino superior privado do país.
"Quero ampliar minha posição para ter possibilidade de ajudar como o acionista mais relevante, mas essa posição do conselho foi uma ducha de água fria em mim", disse Zaher à Reuters.
O mecanismo, apelidado no mercado como "pílula de veneno", estipula um prêmio de 30 por cento para oferta pública de aquisição de ações (OPA) por acionista que atingir fatia de 20 por cento na empresa.
O empresário ressaltou que não pretendia chegar a 20 por cento e, embora respeite a decisão do conselho, defende que os acionistas deveriam ter sido consultados antes de convocada a assembleia-geral extraordinária para 31 de agosto.
"Me pegou desprevenido, vou falar com meu jurídico, mas não vejo isso com bons olhos. Está nítido que o conselho não quer deixar ter um controlador", afirmou Zaher, que atualmente detém 9,6 por cento da empresa.
Na véspera, o presidente do conselho da Estácio, João Cox, disse à Reuters que as mudanças propostas não visavam proteger a companhia de tentativas de aquisição e que estavam em linha com as práticas de governança sugeridas pelo Novo Mercado da B3.
Zaher contou com o Bradesco (SA:BBDC4) para assessorá-lo na captação de recursos para elevar a fatia na companhia. "Já tenho crédito e estava aguardando o momento oportuno para fazer a transação", afirmou o empresário, acrescentando que a intenção era efetuar uma aquisição relevante em vez de várias operações individuais de menor porte.
Às 11:28, as ações da Estácio cediam cerca de 0,4 por cento, a 20,39 reais, enquanto o Ibovespa avançava 0,4 por cento. Em 2017, os papéis da companhia acumulam alta de pouco mais de 30 por cento.
"A ação subiu demais e impossibilitou continuar com meu plano", revelou Zaher.
O empresário disse estar ciente de que outros investidores também estão de olho nos papéis da Estácio, mas negou rumores de que estaria se associando a outros acionistas para assumir o controle a companhia. "É totalmente especulativo, hoje essa não é a pretensão. No futuro, ninguém sabe", ponderou.