Uma nova temporada de resultados está para começar no Brasil e a previsão do BTG Pactual (SA:BPAC11) para o setor alimentício é de que a M. Dias Branco (SA:MDIA3) irá reportar novamente os resultados trimestrais mais fracos entre os players.
No entanto, os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin esperam melhorias frente à tendência negativa vista nos trimestres passados.
“Os volumes devem continuar caindo (-4% ano a ano, com biscoitos e massas retraindo, respectivamente, 4% e 9%), mas há possibilidade de uma ‘freada’ na trajetória de perda de participação de mercado”, avaliaram. “Um leve aumento na média de preços também deve suprimir parcialmente a negatividade do resultado, embora a gente continue vendo uma contração de 2,6% na receita trimestral, alcançando R$ 1,5 bilhão”.
Duarte e Brustolin ainda destacaram que os custos do trigo devem apresentar uma pequena melhoria sequencial, permitindo que o Ebitda da companhia atinja R$ 179 milhões (-6% ano a ano) e a margem alcance 11,6% (-40 pontos-base ano a ano).
“A má notícia é que, com a moeda brasileira mais fraca e os preços atuais do grão, os custos continuarão flagelando os resultados da M. Dias Branco em 2020”, complementaram os analistas.
Carne, a estrela da vez
O banco estima uma boa temporada de ganhos para as empresas frigoríficas, com destaque para a carne vermelha.
A Marfrig (SA:MRFG3) deve registrar mais um trimestre brilhante, puxado principalmente pelo grande ciclo de gado na América do Norte, pela sólida demanda doméstica e pela interrupção parcial de abastecimento decorrente do incêndio que afetou uma das plantas da Tyson.
“Esperamos uma evolução na América do Sul, onde as margens falharam até agora em alcançar os resultados da América do Norte”, afirmaram Duarte e Brustolin. A habilitação de duas plantas adicionais para exportação à China e a crescente demanda exterior devem levar a uma margem bruta de 15,5% na divisão – aumento de 530 pontos-base ano a ano.
Os analistas também acreditam que a Marfrig irá alcançar seu guidance anual.
Otimismo em excesso
No caso da BRF (BRFS3), o BTG enxerga que o mercado começa a se mostrar otimista até demais em relação à companhia, uma vez que o ciclo de frango dá sinais de enfraquecimento. O consenso para o Ebitda de 2020 é de R$ 5,7 bilhões.
Apesar disso, o banco prevê bons resultados a serem reportados em fevereiro, tendo o Brasil como principal driver. A boa temporada dos últimos meses, os ganhos de preços e o controle de custos suportam um alcance de Ebitda de R$ 814 milhões só na região.
“O mercado Halal, por outro lado, será o principal desapontamento, enquanto o segmento internacional continuará apresentando uma sequência positiva de expansão de margem – ainda que em menor ritmo”, concluíram Duarte e Brustolin.
A recomendação é neutra tanto para BRF quanto para Marfrig e JBS.