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Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A Sabesp, maior empresa de água e esgoto da América Latina, iniciou nesta semana um novo ano hidrológico com expectativa de que chuvas retornarão em volume suficiente para recuperar o nível de represas que atendem a Região Metropolitana de São Paulo, possibilitando sair da situação de alerta que tem feito a companhia adotar medidas de economia.
A companhia apresentou nesta quinta-feira a jornalistas os resultados após um ano do processo de privatização, em que a Equatorial se tornou acionista de referência. De acordo com os dados da Sabesp, dos sete sistemas de reservatórios que abastecem a Região Metropolitana, apenas o de Rio Grande está com volume acima de 50% (52,7%). O principal sistema, Cantareira, está com 27,9% de armazenamento.
"A situação é de alerta", disse a diretora executiva de Operação e Manutenção da Sabesp, Debora Longo, durante a apresentação. "Estamos vivendo uma situação crítica."
A executiva citou que a população ainda não sentiu os efeitos da escassez de água por causa de fatores que incluem uma série de obras executadas pela companhia nos últimos anos que interligaram a rede de mananciais. Essa interligação hoje permite que a empresa distribua na Região Metropolitana água que se originou há cerca de 100 quilômetros da capital.
Segundo Longo, a Sabesp é contra medidas de racionamento que implicam em períodos de corte completo na distribuição de água à população, mas desde o final de agosto tem acionado esquema de redução de pressão durante a noite que atualmente atinge todos os bairros da capital.
Essa operação, em que a pressão da água nos canos chega a ser reduzida em cinco vezes ante o nível de operação durante o dia, já permitiu a economia de 13,3 bilhões de litros de água, segundo os dados da empresa, o suficiente para atender durante um mês as cidades de São Bernardo e Diadema e parte de Santo André, que estão na região metropolitana, por exemplo.
USO DO TIETÊ
Para além dessa gestão noturna, a Sabesp também tem feito estudos que podem culminar com o eventual uso de água do Rio Tietê, que há décadas é alvo de promessas de despoluição pelo governo estadual, para abastecimento da região metropolitana.
Segundo o diretor executivo de engenharia e inovação da Sabesp, Roberval Tavares, a Sabesp tem 48 contratos em andamento que preveem a instalação de 1.400 quilômetros de tubulações e 267 estações de bombeamento até 2026 que vão ajudar na tarefa de despoluição do rio.
Essas obras vão permitir uma elevação de 76% no tratamento de esgoto da região metropolitana, que abrange 22 milhões de habitantes, para 44 metros cúbicos por segundo. A melhora no nível de tratamento de esgoto também permitirá que a companhia tenha como opção "recarga de mananciais" para reforçar a segurança hídrica, disse o executivo. Ele se referiu a um processo em que a Sabesp poderá devolver aos rios que abastecem as represas água de mesma qualidade.
"Em 2033, o rio Tietê poderá ser uma fonte de abastecimento da Região Metropolitana" disse o executivo, ressaltando que usar o rio para abastecimento da região "não está no plano estratégico da companhia" neste momento. "Mas podemos mudar o plano", afirmou, acrescentando que a primeira revisão pós privatização da Sabesp deverá ocorrer em 2029, prazo para a empresa cumprir metas de universalização de saneamento.
Pelos dados da companhia, a mancha de poluição do rio Tietê, que era de 600 quilômetros em 1992, passou a 207 quilômetros em 2024 e para 174 quilômetros este ano.
A empresa afirma que conectou desde o início de 2024 até agosto deste ano cerca de 780 mil residências no Estado à rede de tratamento de esgoto. Além disso, ligou cerca de 461 mil residências urbanas a água tratada e 85 mil no meio rural, acima das metas no período de 383,4 mil e 52,4 mil, respectivamente.
Segundo a diretora-executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade da companhia, Samanta Souza, o rio Tietê "é uma reserva estratégica de água", com uma vazão de 145 metros cúbicos por segundo.
"Se a água do Tietê estiver mais limpa é óbvio que vai fazer parte do plano", afirmou a executiva na apresentação, ressaltando que quem definirá esse eventual uso futuro é SP Águas, a agência reguladora do setor no Estado.
Atualmente, a Sabesp, que é comandada pelo grupo Equatorial , já capta água ao longo do curso do Tietê para abastecer cidades do interior paulista, mas o mesmo não acontece na região metropolitana, onde a poluição é mais intensa.
Por ora, a Sabesp está fazendo 60 quilômetros de obras para aproveitar 2 metros cúbicos de água por segundo da bacia do rio Itapanhaú no Sistema Alto Tietê, que nesta quinta-feira está com 24,7% de armazenamento. A empresa também está avaliando uma revitalização do Sistema Baixo Cotia e aumento na interligação entre os sistemas de Rio Grande e Alto Tietê para reforçar o atendimento da região metropolitana.
O plano de investimento da Sabesp prevê R$70 bilhões em investimentos em cinco anos, até 2029, em abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Em 2024, a empresa investiu R$6,9 bilhões. Segundo a companhia, 55% do investimento previsto até 2029 já está contratado.
A empresa ainda trabalha com um índice de 19% de perdas físicas de água, como as que ocorrem por vazamentos, mas afirma estar usando tecnologias que incluem imagens de satélite para identificá-los abaixo da superfície das ruas. Segundo Longo, a empresa reduziu em cerca de 24% o número de vazamentos de água informados pela população -- de 38 mil para 29 mil -- entre o segundo trimestre de 2024 e o mesmo período deste ano.