Por Carolina Mandl
SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil (SA:SANB11) mostrou nesta terça-feira os primeiros sinais de como os consumidores estão com dificuldade para pagar dívidas depois que a carência dada pelo banco em meio à pandemia acabou. A instituição financeira, porém, disse que novas provisões extraordinárias são improváveis.
O lucro liquido recorrente do Santander cresceu 5,3% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior, para 3,902 bilhões de reais e superou as estimativas da Refinitiv em 47%, surpreendendo analistas. O retorno sobre o patrimônio líquido também voltou aos níveis pré-pandêmicos, a 21,2%.
Ainda assim, as units do Santander Brasil estavam em queda de 1,9%, uma vez que as baixas provisões para perdas com empréstimos intrigaram os investidores. Os papéis também vinham de uma sequência de alta em seis sessões até a véspera, acumulando no período valorização de 13,7%.
O índice de inadimplência de 15 a 90 dias do Santander Brasil aumentou 0,4 ponto percentual, para 3,1%, principalmente por causa do comportamento do segmento pessoa física, embora o indicador acima de 90 dias tenha caído ligeiramente.
As provisões para perdas com empréstimos caíram 5,7% em relação ao ano anterior, para 2,916 bilhões de reais, considerando as recuperações de empréstimos.
Analistas do Bradesco BBI afirmam que isso faz parte do "DNA agressivo" do Santander Brasil. "Uma leitura boa dos empréstimos não pagos ainda é muito difícil, e, na nossa visão, a despesa para devedores duvidosos aqui está parecendo baixa demais", escreveram analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) em nota aos clientes.
O vice-presidente financeiro do banco, Angel Santodomingo, disse a analistas em uma teleconferência que considera os níveis de provisão atuais adequados. "A força do nosso balanço está aí", disse ele, acrescentando que o banco tem trabalhado para prever quais clientes podem enfrentar problemas no pagamento de dívidas para oferecer novos prazos de pagamento ou empréstimos mais baratos.
O banco está mais exposto a empréstimos ao consumidor do que seus pares do setor privado, mas provisionou menos que seus rivais. A carteira de crédito cresceu 3,8%, impulsionada por linhas de crédito a pequenas empresas, parcialmente garantidas pelo governo, e por hipotecas e financiamento de veículos, mostrando que o banco está de volta ao crédito a todo vapor.
(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier)