Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) -A Samsung (KS:005930) informou nesta quarta-feira à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) que vai antecipar férias coletivas de fim de ano em sua fábrica na cidade por causa da seca recorde que atinge o Estado do Amazonas, que tem dificultado a chegada de insumos para produção.
A antecipação das férias coletivas está programada para 30 de outubro a 14 de novembro, afirmou a Suframa, e deve atingir cerca de 1.500 trabalhadores da Samsung.
O nível de água no Rio Negro atingiu o ponto mais baixo em pelo menos 121 anos na segunda-feira. O porto de Manaus, localizada onde o Rio Negro encontra o Rio Amazonas, registrou um nível de água de 13,59 metros. A altura representa o nível mais baixo desde que os registros começaram a ser feitos em 1902, superando o menor nível de todos os tempos anterior, registrado em 2010.
"Espera-se que no final do ano, quando o nível do rio estiver mais elevado, essas linhas já estejam novamente abastecidas com os insumos, e os funcionários possam retomar às atividades de produção", disse o vice-presidente da fábrica da Samsung em Manaus, Woo Yong Lee, à Suframa.
Procurada, a Samsung disse à Reuters que está ciente da atual situação e que se preparou para o incidente com antecedência.
"Iremos operar o nosso programa de produção de maneira flexível para responder a qualquer necessidade e minimizar o impacto", afirmou a empresa em nota.
A fábrica da Samsung em Manaus produz eletrônicos que vão desde tablets e smartphones a televisores e aparelhos de ar-condicionado. A empresa disse não ter ainda perspectiva de que a fábrica do grupo em Campinas (SP) possa vir a assumir a produção de Manaus.
A Samsung não divulgou o número total de funcionários na fábrica em Manaus, mas de acordo com seu site, em 2022, os polos da Samsung em São Paulo e no Amazonas somavam mais de 10 mil trabalhadores.
PHILCO ESTUDA FÉRIAS COLETIVAS
Paralelamente, a Philco, controlada pela empresa de eletrodomésticos Britânia, disse que está analisando a situação, "já que se trata da pior seca na história da região", e estuda também implementar férias coletivas para os funcionários da fábrica em Manaus, se necessário.
"O transporte de insumos e de produtos finalizados está parado devido ao comprometimento da navegabilidade. A falta de componentes e o alto estoque de produtos acabados irão impactar no faturamento", acrescentou a companhia em nota.
A Philco possui 2 mil funcionários diretos na fábrica que possui em Manaus, responsável pela produção de televisores, aparelhos de ar-condicionado e microondas. A empresa disse ainda não ter informação sobre quantos desses trabalhadores entrariam em um eventual esquema de férias coletivas.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)