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SEMANA: Guerra comercial e incertezas políticas derrubam Ibovespa; dólar dispara

Publicado 17.05.2019, 18:29
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Investing.com - O aumento da disputa comercial entre EUA e China e incertezas políticas internas derrubaram novamente o Ibovespa na semana, com perdas acumuladas de 4,52%. Apenas uma sessão terminou no azul e nesta sexta-feira fechou abaixo dos 90 mil pontos, após boa parte da sessão operar em alta seguindo o até então otimismo do exterior, acima dos 91 mil pontos.

A reversão ocorreu após o presidente Jair Bolsonaro compartilhar um texto apócrifo no whatsapp apontando que seu governo não consegue fazer as mudanças necessárias por causa de “corporações” que o impedem de governar. No exterior, a CNBC informou que as conversas entre chineses e americanos para um acordo comercial foram interrompidas, derrubando os índices em Wall Street.

O principal índice acionário brasileiro caiu 0,04% na sessão de sexta-feira, a 89.992,73 pontos, com 22 ações encerrando o pregão no azul e 44 no vermelho. A bolsa brasileira caminha para outro mês de maio fechando no vermelho. O último maio com ganhos aconteceu em 2009.

Neste ano, até agora apenas três sessões fecharam o dia no campo positivo, com perdas acumuladas de 6,6% até o momento, chancelando um famoso ditado no mercado financeiro: “sell in May and go away” (venda em maio e se mande). Maio vermelho também eliminou os ganhos acumulados do Ibovespa neste ano, cujo pico foi atingido em 18 de março, quando o Ibovespa chegou aos 100 mil pontos no intraday, fechando a 99.993,92 pontos.

Desde então, o índice perdeu um total de 9,22%. No ano, o Ibovespa ainda opera no azul, alta de 2,4%, mas se aproxima dos 87,8 mil pontos com que se iniciou o ano.

Dólar

A alta da moeda americana reflete as incertezas internas e externas. Nesta sexta-feira a moeda americana confirmou o patamar acima dos R$ 4,00 e fechou em alta de 1,62%, negociado a R$ 4,1019. É o maior patamar desde 19 de setembro. Na semana, o dólar acumulou alta de 4%, maior alta acumulada desde agosto do ano passado, ainda durante as incertezas relacionadas ao período eleitoral.

A moeda americana também se fortaleceu no exterior. O Índice Dólar, que mede a força do dólar norte-americano em comparação com uma cesta das seis principais moedas mundiais conversíveis, subiu 0,12%, para 97,97 às 14:39 (horário de Brasília). Destaque para a queda da libra, que caiu pelo sexto dia consecutivo, com GBP/USD caindo 0,52%, para 1,2728, quando as negociações entre o Partido Trabalhista e o Conservador pararam, diminuindo novamente as chances de um acordo Brexit.

Índices exterior

Em Nova York, após operar em alta em partes da sessão, os três principais índices fecharam no vermelho na sexta-feira. Dow Jones caiu 0,38%, S&P 500 cedeu 0,6% e Nasdaq desabou 1,04% com a notícia de interrupção das negociações comerciais entre EUA e China. O Euro Stoxx 600, que reúne as principais ações do continente, perdeu 0,36% com a tensão comercial.

O índice VIX, que mensura o sentimento dos investidores em relação à volatilidade, voltou a subir na sexta-feira, com alta de 4,12%. Desde o recrudescimento de chineses e americanos em torno do comércio, o índice acumula alta de 24,01%, mas já arrefeceu o sentimento de aversão ao risco, pois já chegou a uma alta acumulada de 60%.

A demanda por ativos porto-seguro também aumenta em tempos de incerteza, entre os quais os títulos de 10 anos do Tesouro americano. Quando a demanda por esse ativo cresce, seu rendimento cai. Foi o que aconteceu nesta semana, com o prêmio por carregá-lo na carteira chegou a 2,393%. Antes de estourar a atual animosidade tarifária sino-americana, o rendimento era por volta de 2,54%.

Semana: Política Brasileira

A articulação do Palácio do Planalto com o Congresso atingiu o pior momento desde a posse de Bolsonaro. O governo não conseguiu levar nenhuma Medida Provisória ao plenário, entre as quais a do marco regulatório do Saneamento Básico (que interessa a Sabesp (SA:SBSP3) e Sanepar (SA:SAPR11)), a que autoriza o controle de 100% de uma companhia aérea e, a principal, da reforma administrativa que reduziu o número de ministérios.

Além disso, o governo não conseguiu evitar a convocação do ministro da Educação para explicar o contingenciamento de recursos na pasta na quarta-feira, diminuindo verbas tanto para educação básica como para o ensino superior e pesquisa. O resultado foi um mal-estar entre ministro e deputados.

O contingenciamento na educação foi o catalisador para a principal manifestação pública na quarta-feira contra o governo Bolsonaro, com apenas 5 meses de governo. Mais de 190 cidades de todos os Estados tiveram protestos contra a queda do orçamento da pasta.

Um dia antes, o sigilo bancário do filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro foi quebrado a pedido do Ministério Público. O senador recebeu, segundo a revista Veja, R$ 9 milhões com venda de 19 imóveis. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, e de outros pessoas ligadas ao atual senador e à família Bolsonaro também tiveram quebrado o sigilo bancário.

Na sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro divulga texto apócrifo abordando a dificuldade de governar o país, responsabilizando “corporações” de impedir o avanço de suas pautas, entre as quais a reforma da Previdência.

A confusão política ocorreu com o presidente da Câmara Rodrigo Maia no exterior, participando de evento com investidores em Nova York. O deputado federal é visto como a “esperança” para a reforma da Previdência avançar no Congresso, de acordo com o relator da matéria na Comissão Especial, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Maia foi o principal articulador para que o texto fosse apreciado na CCJ e na agilidade para instalação da Comissão Especial.

Hoje, o presidente da Câmara disse que a reforma da Previdência será aprovada na Câmara até julho. Pesa contra Maia a delação premiada do empresário Henrique Constantino, cuja família é proprietária da Gol (SA:GOLL4) Linhas Aéreas.

Trechos da delação foi divulgada na terça-feira. Constantino acusa ter pago indevidamente deputados federais para defender interesses de sua empresa e do setor aéreo, entre os quais estão Rodrigo Maia, além dos ex-deputados Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Alves e o ex-presidente Michel Temer.

Semana: Ata do Copom

O Banco Central avalia que o PIB do 1º tri da economia brasileira provavelmente tenha tido um ligeiro recuo em relação ao trimestre anterior. Esta foi a avaliação na última reunião do Copom, fortalecida com a divulgação, pelo IBGE, da atividade ligadas a serviços em março, que caiu 0,7% em relação a fevereiro.

A ata divulgada na terça-feira manteve, no entanto, discurso de que o BC precisa de tempo para analisar o cenário antes de tomar decisão sobre mudança de juros, além de afirmar que deixará de usar a frase "cautela, serenidade e perseverança" em sua próxima reunião.

Ante a divulgação de indicadores econômicos negativos ou abaixo do consenso, o BC é pressionado a realizar cortes na Selic para animar a atividade. No último Boletim Focus, analistas de mercados reduziram projeção de alta do PIB para 1,45%.

Para o BC, números decepcionantes da economia são choques vividos na economia em 2018. Pesa para a manutenção da taxa básica, em contraponto à baixa atividade, incertezas sobre o sucesso da aprovação das reformas, que depende da frágil articulação política do governo no Congresso.

Semana: EUA-China

Na segunda-feira, a China impôs taxa de 20% a 25% sobre US$ 60 bilhões em mais de 5 mil produtos americanos a partir de 1 de junho, mesmo com Trump alertando os chineses a não retaliar, enquanto chineses afirmavam que iam se defender.

Os dois lados afirmavam durante a semana que as negociações comerciais continuariam, apesar da elevação de tarifas. Trump chegou a falar de se reunir com o líder chines Xi Jinping na reunião do G-20 em junho, no Japão.

A inserção da Huawei na lista negra no Departamento de Comércio dos EUA, que impede a atuação da companhia chinesa no território americano, catalisou a ira chinesa, que foi manifestada hoje. A CNBC informou, durante a tarde de sexta-feira, que as negociações comerciais haviam sido interrompidas.

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