SÃO PAULO (Reuters) -A entidade que reúne os produtores de aço bruto no Brasil informou nesta quinta-feira que espera que o volume da liga a ser produzido no país em 2022 cresça 2,2%, após uma expansão esperada para este ano de 14,7%.
A entidade Aço Brasil, que reúne síderúrgicas como Gerdau (SA:GGBR4) e Usiminas (SA:USIM5), estima que a produção de aço bruto no país no próximo ano seja de 36,8 milhões de toneladas.
A expectativa para as vendas é de expansão de 2,5%, para 23,3 milhões de toneladas e a previsão para o consumo aparente, que inclui as vendas internas e importações, é de alta de 1,5%, para 27 milhões de toneladas.
As projeções são consideradas positivas pela entidade, apesar da desaceleração de alguns setores da economia como o de veículos e construção civil, um dos maiores consumidores de aço do país e que tem registrado declínio de vendas nos últimos meses.
"A expectativa é que 2022 vai ser um ano muito bom", disse o presidente do conselho diretor do Aço Brasil, Marcos Faraco, em entrevista a jornalistas. "Acreditamos que os patamares de demanda que estamos vendo agora se sustentam para 2022", afirmou o executivo.
Na avaliação de Faraco, a desaceleração sentida agora na construção residencial poderá ser compensada pelo avanço do setor de infraestrutrua que este ano foi marcado por uma série de leilões de concessão e privatização em áreas que incluíram saneamento, transportes e energia.
Por sua vez, o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, afirmou durante a entrevista que as projeções baseiam-se na "convicção que o PIB em 2022 ficará acima de 2% (de crescimento)".
Em outubro, a produção brasileira de aço bruto cresceu 3,1% sobre o resultado de um ano antes, mas recuou 3,5% ante o divulgado pela associação para setembro. As vendas da liga no mês passado mostraram retração de 14,7% na comparação anual e queda de 13,2% na mensal.
Os dados de novembro serão informados em meados deste mês, afirmou a entidade. Por ora, o Aço Brasil estima que o setor deverá fechar 2021 com produção de cerca de 36 milhões de toneladas de aço bruto, alta de 14,7%, e vendas internas de 22,8 milhões de toneladas, expansão de 17%. O consumo aparente deve avançar 24,3%, para 26,7 milhões de toneladas.
Questionado sobre o risco visto no exterior sobre a nova variante Ômicron do coronavírus, Faraco afirmou que por ora é "sinal de atenção, não de alerta".
EUA
Lopes informou ainda que o setor siderúrgico vai participar de uma retomada de negociações comerciais com os Estados Unidos a partir de janeiro, durante a ida de uma delegação brasileira a Washington.
Segundo ele, as siderúrgicas nacionais vão pedir a retirada dos produtos semiacabados, por exemplo placas que usinas norte-americanas transformam em produtos como portas de carros, do regime de quotas que limita as exportações do setor aos EUA a 3,5 milhões de toneladas por ano. Cerca de 89% das exportações de aço do Brasil para os EUA são formadas por semiacabados. Além disso, Lopes afirmou que o outro pleito será "a retirada do redutor de 30% de nossas exportações de acabados".
Segundo ele, caso não haja acordo nestas questões, o setor vai tentar então aumentar a quota de exportações de semiacabados para 4 milhões de toneladas por ano e melhorar a quota dos produtos acabados "e nesse caso nós voltaríamos à discussão das 290 mil toneladas que não pudemos exportar em 2020".
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição André Romani)