A proximidade do partido democrata em conquistar maioria no Senado norte-americano estimula a compra de ações na maioria dos mercados, num indicativo de que, se realmente vencer, haverá um pouco mais de facilidade em aprovar novos estímulos aos Estados Unidos. O Ibovespa também pega carona nessa onda, mas o fôlego parece curto, diante do recuo de mais de 1,5% (Nasdaq) e de 0,31% do S&P 500, índices futuros em Nova York. Há o temor de que se houver mais injeção de recursos nos EUA, também haverá expansão fiscal, além de preocupação com possível taxação de grandes empresas por lá.
Além disso, ruídos políticos também estão no radar. A afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que o "Brasil está quebrado" e que ele não pode fazer nada pode gerar desconforto no mercado que que já vinha ressabiado com a notícia de que a Economia precisou explicar o calote dado pelo Brasil ao banco dos Brics nesta semana.
A expectativa é de que os assuntos sejam abordados em reunião ministerial, convocada pelo presidente da República, esta manhã no Palácio do Planalto, da qual participa o ministro da Economia, Paulo Guedes. O encontro não estava agendado oficialmente.
Apesar da declaração, a percepção é de que o mercado continua apostando na agenda de reformas. "Segue acreditando que o futuro será 'ok', e que o País não está quebrado, mas precisa afirmar que fará reformas", diz Eduardo Cubas, sócio e diretor da Manchester Investimentos. "O mercado está bastante focado na eleição para a presidência da Câmara, para saber quais promessas surgirão, se serão com tom mais populista... Isso é o que preocupa", acrescenta Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
No exterior, se de um lado uma eventual vitória dos democratas cria a expectativa de mais taxas para grandes companhias, inclusive do setor de tecnologia - o que já atinge o Nasdaq futuro, que cedia 1,6%, às 11h23. De outro, pode significar avanço de mais incentivos para os EUA no curto prazo. "Isso deve ser bom para alguns setores da economia real, para bancos... E são segmentos relevantes no Brasil", afirma Cubas. "Entretanto, no longo prazo pode ser ruim, por causa do aumento do déficit fiscal", pondera.
Na direção que tende a ser desfavorável, Cruz, da RB, ressalta que é preciso cautela ao avaliar que uma eventual vitória democrata poderá significar nos estímulos aos EUA. "Por ora, parece bom, mas nem sempre o é. Como sabemos, há democratas que nem sempre concordam com essas ideias estímulos, que são mais conservadores, e republicanos mais liberais", avalia o estrategista.
Já a valorização de 0,51% do minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao, a US$ 168,72, ajuda a limitar a perda na B3 (SA:B3SA3), assim como a leve elevação do petróleo no exterior. A cotação da commodity no mercado internacional está instável, testando valorização neste fim da manhã. Ontem teve alta forte, após a Organização dos Países Exportadores e aliados (Opep+) decidiu manter cortes na produção da commodity, o que impulsionou as cotações.
Às 11h25, o Ibovespa caía 0,07%, aos 119.287,36 pontos, após máxima aos 119.970,15 pontos. Na mínima, marcou 119.060,69 pontos.