Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - A situação de crédito no país fortalece a visão positiva que o Bank of America (NYSE:BAC) (BofA) e o UBS BB possuem sobre os bancos brasileiros. Para eles, a deterioração da qualidade de ativos deve desacelerar, ao passo em que geração de receita deve se fortalecer.
As análises têm como base a divulgação por parte do Banco Central (BC) sobre os dados de crédito de julho e agosto. A autoridade retomou as publicações de acordo com o seu cronograma habitual de divulgação após o fim da greve dos funcionários.
Com base nos dados divulgados, o UBS BB espera que o ritmo de deterioração da qualidade dos ativos durante o 2S22 seja menor do que o registrado no 1T22. Já para o BofA, os dados do BC corroboram a sua visão positiva sobre os bancos brasileiros, uma vez que o crescimento do crédito continua sólido e com mix de spread mais elevado, enquanto a qualidade dos ativos permanece controlada.
Isso sugere que o ciclo de piora da qualidade dos ativos deve estar alcançando o seu pico, na visão do BofA, enquanto o crescimento do portfólio e os spreads mais altos apontam para uma forte geração de receita à frente.
Desempenho
A carteira de crédito industrial continuou a crescer em ritmo forte, com alta de +17% em agosto, com sólido desempenho de crédito ao consumidor (+21%) e crédito a empresas (+11%).
Os spreads aumentaram 10pb MoM impulsionados por empréstimos ao consumidor , enquanto os spreads de empréstimos corporativos contraíram, ambos impactados pelo mix, segundo o BofA.
A inadimplência da indústria permaneceu estável na comparação mensal, apesar da deterioração de 10pb na carteira de consumidores, já que o índice de inadimplência corporativa permaneceu estável.
O crédito a pessoas físicas cresceu +21% em julho na comparação anual, com rápida expansão dos cartões de crédito rotativos (+42%) e crédito pessoal sem garantia (+31%), apesar de alguma desaceleração em relação ao ritmo de julho.
O crédito consignado também desacelerou marginalmente, apesar de ainda apresentar alta de +14%, enquanto o financiamento imobiliário e de veículos mantiveram o mesmo ritmo observado nos últimos meses, com ganhos de +14% e +8%, respectivamente.
O crédito a empresas avançou +11% em julho, apesar da desaceleração do crédito a PME (+14%), explicada pela aceleração do crédito a grandes empresas (+8%). O crescimento da carteira foi suportado pelos bancos privados nacionais, que cresceram +22%, enquanto os bancos estatais subiram +14% e os bancos estrangeiros, +11%.
O índice de inadimplência de 90 dias permaneceu estável na comparação mensal, em +2,8% em agosto, mas aumentou 10bps em comparação a junho. Para recursos não direcionados, o índice de inadimplência de 90 dias também aumentou 10bps MoM para 3,9% e ficou 30bps acima de junho.
Recomendações
O BofA mantém a indicação de compra sobre Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4), Bradesco (BVMF:BBDC4), Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) e ABC Brasil (BVMF:ABCB4) e de recomendação neutra sobre Santander (BVMF:SANB11) e Banrisul (BVMF:BRSR6).
Já o UBS BB indica compra de Bradesco, Itaúsa (BVMF:ITSA4), Itaú Unibanco, Nubank (BVMF:NUBR33)(NYSE:NU), Inter (NASDAQ:INTR)(BVMF:INBR32) e Xp Inc (BVMF:XPBR31) (NASDAQ:XP).