SÃO PAULO (Reuters) - A soja transgênica, que domina quase a totalidade das lavouras do Brasil, permitiu uma economia de 72,3 bilhões de reais em despesas com pesticidas em dez anos, uma vez que a biotecnologia das sementes permite a redução do uso de agrotóxicos e diminui a necessidade de expandir a área plantada por promover ganhos de produtividade, de acordo com uma avaliação da Agroconsult, divulgada em relatório pela Bayer (ETR:BAYGN).
Essa economia mais do que compensou os gastos para compra de sementes transgênicas pelos sojicultores brasileiros, no mesmo período, que somaram 68,6 bilhões de reais, segundo o levantamento da consultoria publicado nesta quinta-feira.
O estudo apontou ainda uma redução de 834 mil toneladas no uso dos pesticidas nos últimos dez anos, já que as sementes transgênicas de soja plantadas no Brasil minimizam a aplicação de herbicidas e, principalmente, de inseticidas. A biotecnologia Bt, que oferece à cultura proteção contra insetos, foi lançada no Brasil em 2013/2014.
Com o manejo mais eficiente das lavouras, os produtores também diminuíram o consumo de combustível em 183 milhões de litros e o de água em 6,2 bilhões de litros no mesmo período de dez anos. E como consequência as emissões de gases de efeito estufa foram reduzidas em 24,8 milhões de toneladas de CO2, segundo o levantamento da Agroconsult.
"Com a redução de defensivos e o aumento de 21,2 milhões de toneladas na produção de soja (em dez anos), o setor agrícola brasileiro obteve um ganho de 54,8 bilhões de reais em rentabilidade", afirmou CEO da Agroconsult, André Pessôa, comentando em comunicado os benefícios da biotecnologia.
O volume de aumento da produção estimado em dez anos é equivalente a uma safra do Rio Grande do Sul, Estado que está entre os três maiores produtores de soja do Brasil.
Desde o lançamento da primeira biotecnologia para soja, resistente ao herbicida Roundup, em meados da safra 2002/2003, a produção de soja no Brasil cresceu de 41 milhões de toneladas para cerca de 150 milhões de toneladas, número que garantiu ao país o posto de maior produtor e exportador do grão no mundo.
Ao longo das últimas duas décadas, a biotecnologia de sementes, cujo mercado é dominado pela Bayer, evoluiu.
De acordo com os cálculos da Agroconsult, o percentual de adoção das biotecnologias Bt, que reduzem a aplicação de inseticidas, passou de 4% na safra de lançamento (2013/2014) para acima de 90% em 2023/2024.
No comunicado, a Bayer destacou a terceira geração de biotecnologia de soja da Bayer, a Intacta2 Xtend, lançada em 2021/22 no país. Essa semente tem permitido aos produtores alcançar produtividades superiores a 100 sacas por hectare, segundo a empresa, ao oferecer tolerância aos herbicidas dicamba e glifosato e também proteger contra o ataque de lagartas.
"O que antes parecia inalcançável, hoje é uma realidade", afirmou o líder de produtos de soja e algodão da divisão agrícola da Bayer, Fernando Prudente, no comunicado divulgado à imprensa.
A alemã Bayer, cuja biotecnologia de soja está presente na maior parte dos cultivos do Brasil, avalia que a adoção de seu produto mais novo para a cultura no país, a Intacta2 Xtend, pode dobrar na temporada 2024/25 em relação ao ciclo anterior.
Enquanto trabalha nos novos produtos, a Bayer avalia que a sua terceira geração de biotecnologia de soja já poderá ocupar cerca de 30% de toda a área plantada no Brasil em 2024/25, disse o líder de assuntos regulatórios da divisão agrícola da companhia para América Latina, Geraldo Berger, à Reuters, no início deste mês.
(Por Roberto Samora)