SÃO PAULO (Reuters) - A startup Transfeera publicou nesta quinta-feira levantamento em que vê tendência de queda nas transferências de recursos para bancos tradicionais e avanço de fintechs na área no país.
A análise da startup criada em 2017 envolveu quase 30 milhões de transações bancárias realizadas entre abril de 2017 e dezembro de 2022 pela empresa e constatou uma queda de 57% em movimentações envolvendo bancos tradicionais.
Até dezembro de 2017, 99,8% das transferências bancárias realizadas pela startup se concentravam no Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4), Bradesco (BVMF:BBDC4) e Santander Brasil (BVMF:SANB11). Já em dezembro de 2022, apenas 42,7% dos pagamentos considerando pessoas físicas e jurídicas tinham como destino os cinco maiores bancos do país.
Segundo o levantamento, BB e Caixa foram os que mais perderam espaço: em dezembro de 2017, BB representava 33,1% das transações da fintech. No mesmo mês de 2022, o número não passou de 5%.
"De maneira geral, as fintechs têm sido capazes de oferecer serviços financeiros mais eficientes e acessíveis, com menos burocracia e taxas mais baixas", disse Fernando Nunes, presidente-executivo e cofundador da Transfeera.
Procurados, Caixa e BB afirmaram que a pesquisa não demonstra o cenário em nível nacional, porque a metodologia analisou um número pequeno de transações, quando comparadas com o total registrado pelo Banco Central.
"Acredito que houve muita evolução nos últimos anos e os bancos tradicionais têm se adequado e evoluído, mostrando que também possuem musculatura para concorrer nesse novo ecossistema", disse o executivo.
A queda dos bancos tradicionais se contrapõe ao crescimento do Nubank (BVMF:NUBR33), segundo a pesquisa, que começou a aparecer na base de dados da Transfeera em abril de 2019, com 1% das transações, e chegou a 26,6% em dezembro de 2022.
Nas transferências para pessoas jurídicas, Itaú e Santander se mantiveram estáveis em suas respectivas parcelas de mercado. Enquanto isso, Caixa, Bradesco e BB sofreram quedas de 20,39%, 16,28% e 16,19%, respectivamente, segundo a pesquisa. Individualmente, Nubank e Itaú concentraram o maior volume de transações.
Considerando apenas transações feitas para pessoas físicas, os grandes bancos caíram 57,5% em cinco anos, entre 2017 e 2022. Em contrapartida, o Nubank, que entrou na base da empresa somente em 2019, passou a deter quase um terço das transações em dezembro de 2022.
No segmento de pagamento instantâneo, a pesquisa afirma que o Nubank ficou com fatia de 27% das transferências de pessoa física por banco através de Pix por QR Codes. Em pessoa jurídica, o Santander tinha 100% das operações até maio de 2021, segundo a pesquisa, porém em dezembro de 2022, PagSeguro (NYSE:PAGS) e Nubank lideraram com 12,93% e 12,09%, respectivamente.
No ano passado, a Transfeera realizou 25,7 milhões de transações, representando um aumento de 333,9% em relação ao ano anterior.
(Por Beatriz Garcia, edição Alberto Alerigi Jr.)