Por Tatiana Bautzer
SÃO PAULO (Reuters) - A chinesa State Grid, dona da CPFL Energia (SA:CPFE3), precisará recalcular o preço de uma oferta pública para aquisição (OPA) da fatia de acionistas minoritários em sua controlada CPFL Renováveis (SA:CPRE3), segundo decisão do colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O colegiado reformou uma decisão anterior, da área técnica do órgão, que exigia que o preço da OPA fosse elevado para no mínimo 16,69 reais por ação. Mas disse que a elétrica chinesa precisará mudar o método utilizado para avaliar o negócio, que originalmente envolveria 12,20 reais por ação aos acionistas minoritários.
A oferta é obrigatória depois de a State Grid, maior elétrica do mundo, ter comprado a CPFL Energia, controladora da CPFL Renováveis. A empresa já realizou uma oferta pela fatia dos minoritários na CPFL, líder privada no setor de eletricidade no Brasil.
Se a State Grid tivesse sido obrigada pela CVM a elevar o preço de sua oferta para 16,69 reais, a empresa precisaria desembolsar cerca de 4 bilhões de reais pela empresa de renováveis, quase 1 bilhão de reais acima de sua oferta inicial.
As ações da CPFL Renováveis, que opera cerca de 2,1 gigawatts em usinas de geração de fontes renováveis, como eólicas e pequenas hidrelétricas, abriram em queda de cerca de 6 por cento após a decisão da CVM.
Por volta das 12:40, os papéis operavam em queda de 2,11 por cento, a 14,83 reais, contra queda de 1,45 por cento do Ibovespa.
Embora tenha rejeitado a definição de um valor mínimo para a OPA, o colegiado da CVM decidiu que a empresa terá que mudar a metodologia de avaliação do valor da empresa.
O cálculo da chamada "demonstração justificada de preço (DJP)" deverá utilizar dados anuais de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia, ao invés de trimestrais, "de modo a evitar distorções decorrentes de efeitos sazonais e incorporação de visão prospectiva das companhias, a fim de refletir as diferenças em suas expectativas de crescimento", segundo a CVM.
Os demais documentos da oferta que fazem menção à DJP também deverão ser alterados, refletindo as mudanças realizadas no documento em função da decisão do órgão regulador.
A CPFL Renováveis disse em comunicado que divulgará "quaisquer desdobramentos relevantes" sobre o caso.
Uma fonte próxima aos minoritários da CPFL Renováveis que entraram com a queixa na CVM contra os chineses disse que o grupo de acionistas está satisfeito com a decisão do regulador.
A fonte, que falou sob anonimato, estimou que a State Grid deverá ter um prazo de 30 dias para reapresentar a DJP e disse que a metodologia imposta pela CVM para o recálculo foi uma das alternativas sugeridas pelos minoritários.
Simulações antes da decisão da área técnica da CVM, reformada pelo colegiado, apontavam que a metodologia poderia levar o preço da oferta para 17,67 reais por ação. Mas a nova decisão do órgão não aponta um possível novo valor para o negócio.
(Por Tatiana Bautzer; Reportagem adicional de Luciano Costa)