Por Gabriel Codas
Investing.com - Na parte da manhã desta quarta-feira, as ações da StoneCo (NASDAQ:STNE) são negociadas com forte valorização. A companhia de meios de pagamentos divulgou ontem, após fechamento dos mercados, o balanço do primeiro trimestre, com lucro ajustado de R$ 162,3 milhões no período, queda de 12,9% ante mesma etapa do ano passado.
A queda do lucro veio mesmo com a base de clientes ativos subindo 73,9% em 12 meses até março, e com a receita total avançando 33,8%, a 716,8 milhões de reais.
Além disso, a StoneCo divulgou projeção para os segundo trimestre, prevendo piora na margem de lucro no período, que deve marcar o impacto mais forte dos efeitos da pandemia do coronavírus, embora os volumes de pagamentos venham se recuperando gradualmente desde abril.
A perspectiva de recuperação gradual dos volumes de pagamentos impulsiona as ações da empresa. Por volta das 11h59, os papéis disparavam 21,20% a US$ 32,24 na Nasdaq, com a máxima em US$ 34,16. A Nasdaq operava em queda de 1,79%, após abrir em alta e revertê-la em meio à ameaça do presidente dos EUA regular as redes sociais no país.
Balanço
A companhia encerrou os três primeiros meses do ano com margem ajustada antes de impostos de 32,6% e afirmou que espera que o número fique entre 20 e 24% no segundo trimestre, pressionada por impactos que incluem demissão de funcionários e incentivos que está tendo que oferecer a clientes por causa da epidemia.
Os números mostram como a pandemia atingiu diretamente o setor de pagamentos eletrônicos, que vinha de anos de efervescente crescimento no mercado brasileiro.
Com o fechamento de lojas físicas devido às medidas de isolamento social a partir da segunda metade de março, com forte impacto sobre negócios de pequeno e médio portes, nicho no qual a StoneCo é especializada, a empresa ofereceu incentivos a clientes e fez maiores provisões para perdas com calotes, com impacto de 61 milhões nos resultados do trimestre.
Além disso, a empresa adotou uma forte política de contenção de custos e despesas, incluindo o anúncio, quase duas semanas atrás, da demissão de 20% de sua força de trabalho, cerca de 1.300 trabalhadores.
A StoneCo afirmou que após queda na segunda metade de março, os volumes de pagamentos subiram 9% em abril e 22,9% em maio até agora na comparação anual, segundo dados preliminares.
A empresa disse que fechou março com caixa líquido ajustado de 5,05 bilhões de reais, ante 4,984 bilhões no fim de 2019.
Visão dos analistas
O UBS destaca o resultado do trimestre se deve a custos e despesas acima do esperado (incluindo um impacto de R$ 35,8 milhões nas despesas financeiras da Covid-19). Já as receitas foram surpreendidas com o TPV, que total aumentou 42% a/a para R$ 37,6 bilhões (17% acima da UBSe), com o TPV caindo apenas -4% na segunda metade de março (vs 52% a/a até 15 de março); e a Taxa líquida de tomada em 1,81% (3bps acima da UBSe), que, excluindo os impactos negativos decorrentes da COVID-19 (R$ 4,1 milhões em incentivos à assinatura e R$ 21,1 milhões em LLP maior), a taxa líquida de tomada seria de 1,87% (vs 1,80% no 4T19 e 1,86% no 1T19).
O BTG Pactual (SA:BPAC11) lembra que a Stone anunciou a demissão de 20% de seus funcionários, momento que o banco atualizou a recomendação de PagSeguro (NYSE:PAGS) para COMPRA, mas mantiveram a StoneCo como a Top Pick no segmento.
Os analistas destacam que a companhia enfrenta uma perspectiva mais desafiadora no curto prazo (verticalizado, intensivo em mão-de-obra, nicho para PMEs, etc.). Mas, por outro lado, já nos provou muitas vezes que é uma empresa muito única e especial. A avaliação é rica, mas reiteram a classificação de COMPRA neste momento.