Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil deve atingir 628,8 milhões de toneladas em 2024/25, queda de 2,2% ante o recorde do ano anterior, em meio a produtividades agrícolas mais baixas, estimou nesta quarta-feira a consultoria StoneX.
Segundo relatório da StoneX, o centro-sul tem colhido um canavial mais jovem na safra atual (2023/24), que é mais produtivo, e ainda contou com um clima muito favorável, o que ajuda a entender a queda esperada para o próximo ciclo.
"Ainda que de modo preliminar, a StoneX projeta que o TCH médio na região reduza 5,0% no comparativo safra-a-safra, alcançando patamar de 82,8 toneladas/hectare em 2024/25", disse a consultoria.
Apesar da queda, ainda seria uma produtividade 8,3% acima das médias das últimas cinco safras.
A área canavieira deve observar recuperação em 2024/25, com usinas colhendo parte da cana que não conseguir processar na safra atual.
Além disso, "a conjuntura para o setor sucroenergético se mostra favorável para a ampliação dos investimentos na produção", disse a StoneX, projetando ampliação na área colhida de 3%, totalizando 7,6 milhões de hectares.
Com uma maior destinação de cana para a produção de açúcar na principal região produtora do país, a fabricação do adoçante deverá registrar um novo recorde mesmo com a queda na moagem, com o volume estimado em 43,2 milhões de toneladas, aumento de 3,3% ante o ano anterior.
O "mix" de cana para açúcar em 2024/25 deve crescer para 51,4%, ante 49% na safra anterior, segundo a consultoria, uma vez que os preços internacionais estão próximos de máximas em 12 anos na bolsa ICE.
"O mix produtivo, assim como no ciclo atual, deve continuar favorecendo a produção de açúcar, uma vez que o mercado global da commodity segue registrando quebra na produção de importantes players, fornecendo assim um suporte altista para os preços no mercado internacional", disse a StoneX.
Com a queda na moagem e maior destinação de cana para o açúcar, a produção de etanol do centro-sul na safra que começa em abril de 2024 foi estimada em 32,2 bilhões de litros, queda de 2% ante ano anterior, segundo a StoneX.
"O mercado de etanol, apesar de voltar a mostrar recuperação na demanda, ainda não encontra um suporte sólido para aumentar seus preços e competir na paridade com o açúcar", explicou a consultoria.
A redução para a produção de etanol seria maior se não houvesse o biocombustível de milho, cuja fabricação deverá crescer 16,7% na mesma comparação, para 7 bilhões de litros.
A fabricação do etanol de cana deverá cair 6,1%, para 25,2 bilhões de litros.
(Por Roberto Samora)