SÃO PAULO (Reuters) - A Suzano (BVMF:SUZB3) espera uma demanda melhor por celulose no segundo semestre ante a primeira metade do ano, com custos de produção em tendência de queda, afirmaram executivos da companhia nesta quinta-feira.
O diretor comercial de celulose, Leonardo Grimaldi, afirmou em conferência com analistas que os preços de celulose nos mercados internacionais estão atualmente abaixo do custo marginal de produção de muitos fabricantes, o que tem pressionado fechamentos de capacidade.
Segundo Grimaldi, enquanto no primeiro trimestre do ano 700 mil toneladas em capacidade foram tiradas do mercado por causa de paradas de linhas de produção de fabricantes, no segundo trimestre sondagens da companhia indicaram que pelo menos 1 milhão de toneladas saíram do mercado.
"Temos (mercado global) hoje 8 milhões de toneladas de capacidade que está queimando dinheiro com esse nível de preço" da celulose, disse Grimaldi, se referindo ao patamar ao redor de 530 dólares a tonelada.
Enquanto isso, a Suzano, que antecipou a entrada em operação de sua nova fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul do segundo para o primeiro semestre de 2024, não pretende reduzir produção no próximo ano, afirmou o presidente-executivo, Walter Schalka.
"Não estamos felizes com os preços da celulose no curto prazo, mas isso faz parte do jogo", disse o executivo, citando, porém, que os preços de madeira no Brasil, onde estão concentradas as fábricas da companhia, estão em tendência de alta, o que não inspira a empresa a "usar madeira mais cara para produzir celulose com preço menor".
Grimaldi comentou ainda que a Suzano segue operando com nível de estoques abaixo do nível ótimo e que a carteira de encomendas foi saudável em julho, o que reforça confiança da companhia em implementar neste mês anúncio de aumento no preço da celulose para a China.
O diretor financeiro da Suzano, Marcelo Bacci, por sua vez, comentou que a receita da companhia será pressionada nos próximos meses pelos preços do mercado de celulose, mas ressaltou o nível de liquidez da companhia ao final do primeiro semestre, de 6,3 bilhões de dólares.
Questionado sobre eventuais novos programas de recompra de ações, Bacci afirmou que a Suzano não tem intenção de anunciar outro no curto prazo.
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição Paula Arend Laier)