Taxas dos DIs têm queda firme com esperança de negociação Brasil-EUA e influência dos Treasuries

Publicado 29.07.2025, 17:01
Atualizado 29.07.2025, 17:06

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em baixa firme, de mais de 15 pontos-base em alguns vencimentos, em meio às movimentações do governo Lula para negociar a exclusão de setores específicos do tarifaço dos EUA contra o Brasil, em uma sessão marcada ainda pelo forte recuo dos rendimentos dos Treasuries.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 14,165%, ante o ajuste de 14,217% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,475%, ante o ajuste de 13,577%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,63%, ante 13,786% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,75%, ante 13,903%.

A poucos dias do início da cobrança pelos Estados Unidos da tarifa de 50% sobre os produtos do Brasil, a sessão desta terça foi no geral positiva para os ativos brasileiros, com alta do Ibovespa, queda do dólar e recuo das taxas dos DIs.

Por trás do movimento, conforme profissionais ouvidos pela Reuters, está a esperança de que o governo Lula consiga negociar algum tipo de isenção ou redução de tarifa antes de sexta-feira, quando está previsto o início da cobrança.

Em uma das frentes, o Brasil pediu aos Estados Unidos para excluir os setores de alimentos e a fabricante de aeronaves Embraer (BVMF:EMBR3) da tarifa de 50%, confirmou à Reuters uma fonte brasileira envolvida nas negociações.

Do lado dos Estados Unidos, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse que recursos naturais que não são cultivados no território norte-americano, incluindo café e cacau, podem ser isentos de tarifas de importação quando acordos comerciais com países produtores forem firmados. Embora Lutnick não tenha comentado especificamente a situação de produtos vindos de países sem um acordo com os EUA, como o Brasil, a fala contribuiu para a avaliação, entre alguns profissionais, de que pode haver brechas para negociação.

“Na virada do dia, saíram notícias de que o governo Lula quer negociar, surgiu um otimismo sobre isso”, comentou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

Além da possibilidade de negociação, a forte queda dos rendimentos dos Treasuries no exterior fez as taxas dos DIs cederem já no início do dia, renovando mínimas ao longo da sessão. Às 16h14, na reta final, a taxa do DI para janeiro de 2033 atingiu o menor patamar do dia, de 13,730%, em baixa de 17 pontos-base ante o ajuste da véspera.

Durante a tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os canais com os EUA estão sendo desobstruídos “vagarosamente, mas estão”. Ele também repetiu que entre as possíveis medidas a serem adotadas pelo governo brasileiro está o socorro a empresas afetadas pelo tarifaço.

Já a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que os EUA não querem negociar com o Brasil agora e que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai esperar o prazo final de 1º de agosto com medidas prontas.

O recuo das taxas futuras no Brasil, no entanto, não alterou as apostas majoritárias do mercado para a decisão de quarta-feira do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, sobre a taxa básica Selic.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava em 95% a probabilidade de manutenção da Selic em 15%.

Na segunda-feira -- atualização mais recente -- a precificação das opções de Copom negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) indicava 96,17% de chances de manutenção da Selic, contra 2,85% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base.

No exterior, antes da decisão do Federal Reserve sobre juros, também na quarta-feira, os rendimentos dos Treasuries tinham quedas fortes. Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 9 pontos-base, a 4,326%.

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