Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam a quarta-feira em baixa, em uma sessão de ajustes técnicos e de alívio para o câmbio no Brasil, com a curva de juros brasileira passando a refletir probabilidade menor de a taxa básica Selic subir em setembro.
Pela manhã as taxas futuras chegaram a ceder mais de 10 pontos-base em alguns vencimentos, mas durante à tarde houve certa recuperação. Ainda assim elas terminaram em baixa em toda a curva.
No fim da tarde desta quarta-feira a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- estava em 10,675%, ante 10,698% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,51%, ante 11,551% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,66%, ante 11,695%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,85%, ante 11,872%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,84%, ante 11,874%.
Um dos fatores para a queda das taxas futuras foi o recuo do dólar ante o real, pelo segundo dia consecutivo, conforme o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano.
"Lá fora está melhorando, o câmbio está melhor, o que ajuda no desafio do Banco Central (de controlar a inflação)", comentou pela manhã Serrano, acrescentando que o cenário atual é de incerteza.
"Ele (o BC) pode subir (a Selic) 25 pontos-base e ter que cortar pouco depois. Me parece ainda que a melhor opção é manter a taxa estável e esperar", acrescentou.
Outro fator para a queda das taxas nesta quarta-feira, de acordo com Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, era o fato de a curva brasileira ter subido “sem motivo” na véspera.
“Hoje é um dia de descompressão, de redução do exagero dos últimos dias”, comentou Quaresma. “Ontem a curva abriu sem muito motivo, em uma sessão de bastante volatilidade. Hoje é dia de correção”, acrescentou.
Os ajustes eram percebidos inclusive na precificação embutida na curva para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em setembro.
Na terça-feira a curva precificava 24% de probabilidade de manutenção da Selic em 10,50% ao ano, contra 76% de chance de alta de 25 pontos-base. Durante boa parte desta quarta-feira a precificação mostrou-se quase equilibrada, próxima de 50% em cada caso. Perto do fechamento, porém, eram 41% pela manutenção da Selic e 59% pelo aumento de 25 pontos-base.
Na prática, apesar dos ajustes desta quarta-feira, o mercado seguiu cauteloso em relação aos próximos passos do Banco Central, considerando que o dólar segue em patamares elevados e que as expectativas de inflação continuam aumentando.
Pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 0,83% em julho, depois de avançar 0,50% no mês anterior. O resultado ficou acima da expectativa de economistas ouvidos em pesquisa da Reuters, de alta de 0,69%. Em 12 meses, o índice acumula elevação de 4,16%.
No exterior, o dia foi de alta para os rendimentos dos Treasuries, em meio à menor busca global por proteção. Às 16h40, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 7 pontos-base, a 3,958%.