Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO, 2 Mai (Reuters) - Após os mercados brasileiros terem permanecidos fechados na segunda-feira, em função do feriado do Dia do Trabalho, as taxas dos contratos futuros de juros encerraram esta terça-feira em baixa, em especial na ponta curta da curva a termo, com investidores reagindo a um ambiente de maior apreensão no exterior.
A tensão com o setor bancário dos Estados Unidos, que voltou à tona esta semana, após reguladores intervirem no First Republic (NYSE:FRC) e o JPMorgan Chase (NYSE:JPM) anunciar a compra de ativos do banco, pressionou os rendimentos dos Treasuries, que cediam nesta terça-feira, assim como os principais índices de ações em Nova York.
O mercado de DIs (Depósitos interfinanceiros) também reagiu no Brasil.
“Uma eventual crise de crédito lá fora também faria os bancos ficarem mais cautelosos. Isso poderia fazer o Banco Central cortar juros antes aqui no Brasil. Por isso as taxas na parte curta (da curva a termo) caem mais do que na longa”, comentou durante a tarde Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho (NYSE:MFG).
Além da questão bancária, os investidores globais reagiam negativamente à possibilidade de o governo dos EUA ficarem sem dinheiro em 1º de junho, caso o teto da dívida não seja ampliado.
Ao mesmo tempo, tanto no Brasil quanto nos EUA os investidores aguardavam com ansiedade pelas decisões de política monetária dos respectivos bancos centrais, ambas marcadas para esta quarta-feira.
Em relatório, a equipe econômica da Guide Investimentos afirmou que a expectativa é de que o BC brasileiro mantenha a taxa básica Selic em 13,75% ao ano e não realize grandes mudanças no comunicado e no balanço de riscos para a inflação.
“No Brasil, apesar da continuação do processo de desinflação em abril --acompanhado de uma queda, mesmo que modesta, da inflação implícita no mercado de títulos--, a evolução do movimento tem sido lenta, principalmente quando olhamos para os núcleos e a inflação de serviços, enquanto a inflação ainda se mantêm em patamares não compatíveis com o cumprimento das metas de inflação”, escreveram os economistas da Guide.
Em análise distribuída à imprensa, o economista-chefe da Kínitro Capital, Sávio Barbosa, afirmou que nos EUA o Federal Reserve deve elevar os juros em 0,25 ponto percentual, como esperado majoritariamente pelo mercado. Ao mesmo tempo, segundo ele, deve sinalizar interrupção do ciclo de alta de juros, mas sem fechar as portas para elevações adicionais.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,255%, ante 13,296% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,985%, ante 12,063%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,71%, ante 11,76% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,785%, ante 11,813%.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava apenas 2% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual no encontro de política monetária da próxima semana e 98% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa neste fim de tarde.
Às 17:05 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 14,40 pontos-base, a 3,4295%.