Vale eliminará processamento de minério com água em 2 anos em Carajás, produção avança em Gelado

Publicado 25.06.2025, 07:55
Atualizado 25.06.2025, 08:10
© Reuters.

Por Roberto Samora

PARAUAPEBAS, Pará (Reuters) -A Vale (BVMF:VALE3) projeta eliminar até 2027 o uso de água no processamento de minério de ferro das minas de Carajás, a maior área de mineração do produto a céu aberto do mundo, enquanto aumenta a produção da commodity de alta qualidade no projeto Gelado a partir do reaproveitamento de rejeitos minerários remanescentes do complexo no Pará, afirmaram executivos da mineradora.

O encerramento do uso de água no beneficiamento de minério de ferro traz benefícios ambientais, além de eliminar a geração de rejeitos no processo produtivo, dispensando a necessidade de novas barragens para armazená-los. Com isso, há redução de custos pela simplificação de processos, tornando a operação mais competitiva e segura, segundo a mineradora.

Há iniciativas neste sentido em Minas Gerais, outro importante polo produtivo da companhia, mas é no Pará que o movimento está mais avançado. Nas minas amazônicas de Carajás, nas serras Sul e Leste, a Vale já adota 100% do processo a seco, enquanto na Serra Norte, das 17 linhas de peneiramento da usina 1, seis usam água.

"Ao final de 2027 já estarão 100% a seco, aí todo o Sistema Norte será 100% umidade natural", disse o diretor do Corredor Norte da Vale, Gildiney Sales.

Atualmente, cerca de 90% do Sistema Norte não usa água no beneficiamento do produto.

O Sistema Norte respondeu por 177,5 milhões de toneladas da produção de minério de ferro da Vale em 2024, ou mais da metade do total de 327,7 milhões de toneladas no ano passado.

Sales preferiu não comentar a redução de custos do processo de beneficiamento a seco. Mas a Vale investiu dezenas de bilhões de reais no processo nos últimos 15 anos, conforme sinalizou anteriormente.

A estratégia é possível pela alta qualidade das reservas de Carajás, enquanto a companhia também desenvolveu tecnologias que permitiram tal processo.

"Carajás tem um teor metálico de reserva que permite uma rota tecnológica que poucos lugares permitem", observou o gerente de mina da Vale, Tiago Leite, ao receber jornalistas nas operações da companhia em Parauapebas (PA).

O teor de minério de ferro de Carajás oscila entre 62% e 68%, lembrou ele.

APROVEITAMENTO DO REJEITO

O fim do uso de água no processamento de minério de ferro em Carajás deverá encerrar também a destinação dos chamados rejeitos para a barragem de Gelado, situada na Serra Norte.

E para acabar com os rejeitos acumulados no local desde 1985, quando a companhia iniciou operações na área ainda com o beneficiamento a úmido, a Vale está utilizando esses depósitos para produzir "pellet feed", um minério também de alta qualidade.

Os teores dos depósitos de Gelado são estimado por Leite entre 62% e 64,5%, enquanto os volumes depositados na barragem giram em torno de 120 milhões de toneladas.

"É um rejeito rico", disse ele.

O diretor Sales destacou que o "ramp-up" de Gelado "está indo bem". Ele relatou que, após um início no ano passado, a operação passou por algumas adequações, até porque "nesta escala é um processo inédito no Brasil".

A extração dos rejeitos da barragem de Gelado é feita por dragas elétricas, o que agrega outro componente de descarbonização do processo.

O produto de Gelado já está sendo vendido, com a produção deste ano estimada pelo diretor em 2,5 milhões de toneladas.

Em 2026, a produção a partir de rejeitos deve dobrar para algo em torno de 5 milhões de toneladas, atingindo 6 milhões de toneladas em 2027.

A unidade de Gelado integra um plano da Vale de ter, até 2030, 10% de sua produção  total de minério de ferro  composta por produtos da chamada mineração circular, uma vez que reaproveita rejeitos.

Dependendo do ritmo de produção, os depósitos de rejeitos de Gelado poderão ser eliminados com o passar dos anos, já que a barragem não receberá mais materiais que antes vinham do processo de beneficiamento a úmido da Serra Norte.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)

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