Investing.com – A Vamos (BVMF:VAMO3), controlada pela Simpar (BVMF:SIMH3), apresentou um forte crescimento orgânico no segmento de locação de veículos pesados, mas foi afetada pelo represamento da demanda no segmento de concessionárias e espera a retomada das vendas de caminhões, máquinas agrícolas e equipamentos nos próximos trimestres, diante do ciclo de flexibilização monetária.
A companhia reportou nesta quinta-feira, 03, balanço referente ao segundo trimestre deste ano com lucro líquido consolidado de R$106,6 milhões no segundo trimestre deste ano, 25% de queda anual, devido a efeitos da despesa financeira.
A empresa, que lançou recentemente oferta subsequente de ações (follow-on), registrou uma receita líquida consolidada de R$1,469 bilhão entre abril e junho, 22,5% maior que o 2T22. O Ebitda consolidado de R$664,8 milhões no 2T23 cresceu 47,6% sobre o 2T22.
A receita futura contratada (backlog) totalizou R$16,207 bilhões no segundo trimestre deste ano, 50,1% superior na análise anual. Além disso, o total de 45.279 ativos na frota subiu 33,4% na mesma comparação, sendo 35.403 caminhões e 9.876 máquinas e equipamentos.
Segundo Gustavo Couto, CEO da companhia, entre os objetivos da companhia neste momento, estão expandir o crescimento de um “negócio que foi muito pouco explorado até agora”, controlando o nível de alavancagem. No final de junho, a Vamos precificou follow-on a R$11 por ação e movimentou R$1,3 bilhão, sendo R$846 milhões na oferta primária, com recursos sendo destinados para o caixa.
Couto também comemorou a entrada na Vamos na primeira prévia do Ibovespa e espera que o rebalanceamento conte com a inclusão da companhia no índice. “Estamos muito animados. Isso vai trazer para o investidor uma perspectiva muito positiva do de liquidez para as nossas ações. É a primeira vez, desde a nossa estreia na bolsa em janeiro de 2021”, celebra o CEO.
Confira entrevista com o CEO da empresa:
Investing.com – A companhia alta na locação, mas dificuldade no segmento de concessionárias. Quais ações estão sendo tomadas neste terceiro trimestre para mitigar possíveis efeitos dessas divergências?
Gustavo Couto – O setor de locação apresentou um crescimento muito importante que já é decorrente desse ciclo de alta e maior conhecimento por parte dos clientes desse modelo que vem expandindo nos últimos trimestres. Com relação às concessionárias, a gente vê um movimento cíclico, que é natural que aconteça. Ou seja, o negócio de concessionárias está mais próximo do nosso negócio de varejo. Pode estar exposto a alguma volatilidade trimestral. A gente já esperava que houvesse volatilidade, mas que não muda a perspectiva de longo prazo.
O Brasil continua tendo uma das frotas mais velhas. Quando veio o aumento do preço do caminhão e uma elevada taxa de juros, é natural que as empresas segurem um pouquinho aqueles investimentos para comprar um novo caminhão e espere. Isso acaba até beneficiando a locação na outra ponta, mas tem um cliente que naturalmente prefere comprar e ele então às vezes adia, mas ele não pode adiar essa decisão por muito tempo. O caminhão está ficando mais velho, o caminhão está gerando mais custo, está consumindo mais combustível. Então ele precisa renovar. Um aspecto importante é que isso é algo temporário, não é algo definitivo.
O setor agrícola, por exemplo, continua forte. Houve uma queda no preço da soja, mas a safra foi recorde e as áreas de plantio têm sido expandidas. Então os agricultores vão precisar de máquinas. Não tem outro jeito. E o agronegócio não para, continua crescendo.
Então são movimentos temporários. Então a gente entende isso como um ciclo natural. Além disso o, plano de governo, o Plano Safra, com taxas incentivadas para os agricultores poderem comprar máquinas normalmente acontece no mês de abril, junto com a Agrishow. Neste ano, foi somente agora. Então isso trouxe esse represamento que eu falo. Estamos naturalmente preparados para essa retomada de demanda nos próximos meses, pois vemos que setores extremamente importantes para o país vão continuar crescendo.
Inv.com Quais as perspectivas para a companhia diante do ciclo de diminuição na taxa de juros?
Couto – A redução na taxa de juros vai ser boa para os nossos clientes e vai ser bom para a companhia. Para os nossos clientes, naturalmente vão poder continuar e voltar a investir, isso é muito importante para o país e para nós, que somos capital intensivo. A gente vem apresentando um retorno sobre capital investido no patamar de 19%. E a gente tem um custo da dívida que hoje apresentou no último trimestre pós impostos alguma coisa como 10,9%. À medida que a taxa de juros recua, o custo de dívida vai flutuar pra baixo, então a gente deve aumentar a nossa rentabilidade a partir do momento que tivermos menores despesas financeiras. Então os cortes também devem beneficiar os nossos resultados. E com o forte crescimento que a gente apresentou, provavelmente os resultados continuarão crescendo de forma ainda mais forte.
Inv.com – Qual foi o objetivo do follow-on e principais passos com esses recursos?
Couto – A gente olhou para uma oportunidade de mercado de captar R$800 milhões, que foi o total captado na operação primária, o que nos prepara para o ciclo de crescimento dos próximos trimestres.
Em um ano, comparando o segundo trimestre do ano passado com o segundo trimestre desse ano, nós ao ampliamos a nossa frota de ativos em 33%. A frota locada cresceu 45% nesse mesmo período, reduzindo os nossos estoques, que é algo que a gente tinha planejado, aumentar os estoques e depois começar alugar.
Então a companhia atingiu um patamar de crescimento muito forte e, quando olhamos para frente, tem muito mais oportunidade para os próximos meses. Para ter balanço mais preparado para dar continuidade a esse crescimento, a empresa reforçou a estrutura de capital. Assim, será possível seguir investindo e seguir crescendo, controlando a nossa alavancagem, muito próxima de 3x dívida líquida/Ebitda.
Inv.com – Alguma mudança de estratégia que mereça destaque? Que mensagem gostaria de deixar para o investidor ao final da divulgação do balanço?
Couto – Estamos somente no começo do ciclo. Estou na companhia agora há praticamente cinco anos e, quando a gente para para pensar o modelo de negócio e o ecossistema que a gente criou, vimos que é previsível, é resiliente, é muito gerador de caixa. Esses contratos de locação que cresceram 73% quando comparado com o ano passado trazem uma margem de 89%.
É muito forte a geração de caixa, é muito forte a oportunidade de crescimento de um negócio que foi muito pouco explorado até agora. Então, apesar de a empresa ter crescido nos últimos anos, dobrado o tamanho da empresa em umas duas vezes desde 2019, quando a gente olha para frente, a oportunidade ainda é muito maior. A gente segue muito animado com isso, contando com a confiança do investidor que mais uma vez, confiou na companhia e aportou um capital importante pra gente continuar crescendo.