Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - A inflação elevada não é uma novidade no Brasil. Passadas as décadas de hiperinflação, hoje a economia brasileira, assim como a mundial, observa a alta nos preços ser puxada pela forte demanda pós reabertura econômica e pelos recentes choques causados pela guerra na Ucrânia e também as disrupções nas cadeias de suprimento.
O IPCA-15 de agosto, divulgado nesta quarta-feira, 24, trouxe uma deflação de -0,73% no mês, mas nos últimos 12 meses ainda apresenta uma alta de 9,60%
Então, é preciso saber como essa variação de preços impacta o mercado e quais são as oportunidades que isso pode trazer para o investidor. Para entender melhor isso, a XP (BVMF:XPBR31) realizou um estudo para identificar quais são as ações que ganham com a alta na inflação e as que se beneficiam da queda de preços.
Em relatório assinado pela estrategista de Ações, Jennie Li, e os analistas Quantitativos, Julia Aquino e Thales Carmo, os especialistas da XP apontam que de uma maneira geral, empresas de consumo discricionário tendem a se beneficiar mais de uma inflação mais baixa, enquanto consumo básico e imobiliário vão bem no cenário oposto.
Ações para a alta da inflação
A XP analisou os retornos mensais nos últimos 10 anos das ações que fazem parte do Ibovespa e as comparou com o IPCA. Assim, o banco digital selecionou cinco ações que funcionam como ideias de investimentos, mas a lista não configura uma carteira recomendada, com pesos designados.
Essas companhias que são capazes de repassar a alta nos preços ou têm expansão de margem com a subida de preços, por terem contratos indexados à inflação, ou então, podem se beneficiar da alta de juros que costuma seguir a alta do IPCA.
A seleção conta com Assaí (BVMF:ASAI3), Iguatemi (BVMF:IGTA11), Carrefour (BVMF:CRFB3) Brasil, Santander (BVMF:SANB11) e Multiplan (BVMF:MULT3).
Os setores de varejo alimentar e de shoppings podem servir como proteção em períodos de alta da inflação, segundo a XP, porque o primeiro possui uma demanda mais inelástica, ou seja, mesmo com a queda do poder de compra da famílias, a alimentação tende a ser o último item a ser cortado.
Já os shoppings costumam basear de 70% a 80% das suas receitas no valor do aluguel, que é atrelado ao IPCA ou IGP-M. Assim, empresas desse segmento podem ser utilizadas como hedge potencial. Além disso, a inflação também beneficia os proprietários de shoppings porque os custos de reposição aumentam, o que deve beneficiar o valuation do portfólio.
No caso do Santander, que pertence ao setor bancário, há uma exposição líquida positiva à taxa de juros, além disso, as performances dos bancos tendem a ser resilientes e rentáveis, o que pode ser considerado um porto seguro no meio da inflação. Além disso, o Santander tem a menor liquidez de negociação entre os bancos incumbentes, o que pode amplificar a volatilidade no preço de suas ações, segundo a XP.
Ações para a queda da inflação
Seguindo a mesma metodologia que usada anteriormente, a XP selecionou outros cinco ativos que podem se beneficiar quando a inflação começar a cair.
As sugestões são Americanas (BVMF:AMER3), Magazine Luiza (BVMF:MGLU3), Petz (BVMF:PETZ3), Via (BVMF:VIIA3) e Natura (BVMF:NTCO3).
Todas as ações pertencem a varejistas, que costumam sofrer com a alta dos preços. Porém, quando o cenário se inverte e tanto a inflação quanto os juros caem, essas empresas costumam mostrar maiores recuperações.