SÃO PAULO (Reuters) - A indústria siderúrgica brasileira anunciou nesta terça-feira que as vendas de aço no país somaram 1,8 milhão de toneladas em junho, maior nível desde setembro de 2022, após a elevação do imposto de importação de alguns produtos e criação de cotas de importação em abril.
O volume equivale a crescimentos de 11,2% ante maio e de 11,5% na comparação com junho do ano passado, segundo dados do Aço Brasil, que representa a maior parte do parque siderúrgico nacional.
No acumulado do semestre, as vendas de aço no Brasil mostraram alta de 3,5% sobre um ano antes, a 10,15 milhões de toneladas.
O maior crescimento nas vendas no mercado interno em junho se deu no segmento de aços planos, usados por indústrias como automotiva e de máquinas e equipamentos, que teve expansão 15,4% sobre um ano antes. O segmento de aços longos, usados na construção civil, teve alta de 7,3% nas vendas em junho, segundo a entidade.
Como as vendas no mercado interno cresceram, enquanto as importações de aço pelo Brasil recuaram 23,7% em junho ante maio, a produção de aço bruto pelas siderúrgicas nacionais subiu 11,2% na comparação mensal, para 2,87 milhões de toneladas. Na comparação anual, a produção brasileira também cresceu, 11,8%, acumulando no semestre expansão de 2,4%, para 16,4 milhões de toneladas.
Em meados do mês passado, o Aço Brasil estimou que a imposição das barreiras comerciais pelo país contra 11 produtos de aço -- que incluíram criação de limites ao volume de importação desses produtos por 12 meses -- deveria começar a ter efeitos no setor a partir do segundo semestre.
A criação das barreiras ocorreu após meses de reclamações do setor siderúrgico diante de fortes crescimentos nas importações de aço pelo Brasil que vinham impactando a indústria local.
Segundo o Aço Brasil, embora as importações tenham recuado em junho ante maio, para cerca de 428 mil toneladas, elas continuaram ainda acima da média de 2023, de 419 mil toneladas por mês. No ano até o final de junho, as importações de aço pelo Brasil têm alta de cerca de 24%, para 2,73 milhões de toneladas.
Enquanto isso, as vendas externas do setor recuaram pelo terceiro mês consecutivo, em meio a uma priorização das usinas siderúrgicas locais por rentabilidade num cenário de preços internacionais da liga pressionado por oferta da China. Segundo o Aço Brasil, a China foi responsável em junho por 54% do aço importado pelo país.
(Por Alberto Alerigi Jr.)