Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Vibra Energia (BVMF:VBBR3) anunciou a venda de um diesel menos poluente, produzido a partir do coprocessamento de óleos vegetais com diesel fóssil em refinaria da Petrobras (BVMF:PETR4), e vê demanda crescente para o produto, em meio a buscas do mercado para reduzir a emissão de gases do efeito estufa.
Para comercializar o combustível --o primeiro a ser lançado com a marca da Vibra, após a mudança de nome da ex-BR Distribuidora--, a companhia conta com a produção do chamado diesel R5 da Petrobras, que deixa a refinaria com 95% de diesel mineral e 5% de diesel renovável.
A Vibra realiza ainda a adição obrigatória de 10% de biodiesel éster, conforme estabelece a legislação atual, comercializando um produto com maior teor renovável.
"Esse combustível entra no nosso portfólio para atender cientes com forte agenda ESG", disse à Reuters o analista de produtos, especialista em qualidade de produtos B2B da Vibra, Julio Cesar Laurentino Alves.
Como é um combustível novo, o diesel coprocessado ainda demanda de regulamentação das autoridades no Brasil, o que está em curso. Dessa forma, a Vibra vem obtendo autorizações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para cada uma das vendas realizadas.
O novo produto --que recebeu o nome de Vibra Diesel Renovável-- tem composição química semelhante à do diesel derivado do petróleo e, por esse motivo, não são necessárias adaptações em estruturas de abastecimento e motores, explicou.
Alves pontuou que o combustível é um pouco mais caro que o diesel já vendido nos postos, mas evitou entrar em detalhes. "Estamos começando agora. A principio, clientes que têm demanda ESG aceitam pagar a diferença".
Por enquanto, a oferta do novo produto da Vibra ainda está limitada, uma vez que o Diesel R5 é produzido apenas na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), da Petrobras, em Araucária, no Paraná, e o transporte para outros locais poderia tornar o produto inviável comercialmente, de acordo com Alves.
A expectativa da Vibra é que a Petrobras passe a produzir o Diesel R5 em outros locais, como no Sudeste. "Temos clientes com bastante interesse que estão na região de São Paulo", ressaltou Alves.
Regulamentação
A Petrobras concluiu em setembro, após a realização de testes, a primeira venda do Diesel R5 para avaliar a receptividade do mercado, com um volume de 1.500 m³, dos quais a Vibra comprou 900 m³.
A Repar tem atualmente capacidade de coprocessamento de 114 mil toneladas/ano de matéria-prima renovável.
Procurada, a Petrobras afirmou que está planejando a produção de novos lotes e que o primeiro trata-se de um importante passo para a venda regular e de maiores volumes do produto.
"Uma novidade no lote comercializado foi a emissão de declarações para as distribuidoras que adquiriram o produto, indicando a redução da emissão de gases de efeito estufa, calculada de acordo com o volume adquirido pelas distribuidoras", afirmou a empresa por email.
Segundo a petroleira, o consumo de Diesel R5 reduz potencialmente a emissão de uma tonelada de CO2 equivalente a cada 9,5 mil litros, aproximadamente, comparando-se com o diesel 100% fóssil.
A Petrobras pleiteia junto ao governo que seu Diesel R5 seja incluído nos mandatos de mistura obrigatória ao diesel fóssil vendido nos postos. Assim, além de poder emitir créditos de carbono com base nos percentuais de conteúdo renovável, a petroleira poderia reduzir sua pegada de carbono.
(Por Marta Nogueira)