Vítimas de barragem da Samarco exigem justiça enquanto julgamento em Londres chega ao fim

Publicado 13.03.2025, 11:06
Atualizado 13.03.2025, 11:10
© Reuters. Manifestante segura cartaz em protesto sobre o rompimento de barragem da Samarco ao lado de fora de assembleia geral anual da empresa de mineração BHP em Perth, Austrália Ocidentaln19/11/2015nREUTERS/David Gray

Por Catarina Demony e Marissa Davison

LONDRES (Reuters) - Com lágrimas nos olhos, as mães de crianças que morreram no pior desastre ambiental do Brasil - o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), em 2015 - exigiram justiça para seus entes queridos nesta quinta-feira, quando os pedidos de indenização em seu processo em Londres chegaram ao fim.

Dezenove pessoas morreram quando a barragem entrou em colapso e liberou uma onda de rejeitos de mineração, que deixou ainda milhares de desabrigados, inundando florestas e poluindo o rio Doce em toda sua extensão, até o mar do Espírito Santo.

A barragem era de propriedade da Samarco, uma joint venture da Vale (BVMF:VALE3) com a anglo-australiana BHP, a maior mineradora do mundo em valor de mercado.

"Foi o dia que destruiu minha vida... o dia que levou meu filho embora", disse Gelvana Silva, 37 anos, do lado de fora do Tribunal Superior de Londres. Ela perdeu seu filho Thiago, de sete anos, na enchente.

Mais de 600 mil brasileiros, diversas cidades e cerca de 2 mil empresas estão processando a BHP por causa do desastre em um processo que pode chegar a 36 bilhões de libras (US$46,63 bilhões).

O processo, um dos maiores da história jurídica inglesa, começou em outubro e termina nesta quinta-feira com as alegações finais. Tom Goodhead, presidente-executivo da Pogust Goodhead, que representa os reclamantes, espera uma decisão em meados do ano.

Pamela Fernandes, 31 anos, perdeu sua filha de cinco anos, Manu. "As lembranças de Manu estão sempre comigo... é muito difícil."

Fernandes, que, como Silva, usava uma camiseta com a foto de sua filha falecida, disse: "Quero justiça para que eu possa ficar em paz, para que minha filha possa ficar em paz".

’RESPONSABILIDADE’

A BHP diz que o processo de Londres duplica procedimentos legais e programas de reparação e reparo no Brasil e deve ser descartado. Diz também que quase US$8 bilhões foram pagos aos afetados por meio da Fundação Renova, sendo que cerca de US$1,7 bilhão foi destinado aos reclamantes envolvidos no processo inglês.

A BHP argumenta que não era proprietária ou operava a barragem, que continha rejeitos do beneficiamento de minério de ferro. Ela disse que uma subsidiária brasileira de sua holding australiana era acionista de 50% da Samarco, que operava de forma independente.

A mineradora também disse que não tinha conhecimento de que a estabilidade da barragem estava comprometida antes do colapso.

O governo brasileiro assinou no fim do ano passado um acordo de indenização com BHP, Vale e Samarco, mas Goodhead disse que as vítimas do desastre não estavam envolvidas.

Goodhead disse nesta quinta-feira que o julgamento era sobre responsabilidade.

"Se a empresa for condenada, será a maior vitória para nós... teria valido a pena esperar dez anos", acrescentou Silva.

(Reportagem de Catarina Demony e Marissa Davison)

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