SÃO PAULO (Reuters) - A administradora brasileira de cartão de crédito Credz, especializada em cartões co-branded com redes varejistas menores, prevê forte aceleração de sua base em 2019, após recente acordo com a norte-americana Visa.
"A expectativa é atingirmos 1,6 milhão de cartões em 2019", disse à Reuters o presidente da Credz, José Renato Borges.
A Credz atingiu recentemente a marca de um milhão de clientes ativos. A bandeira tem parceria com 48 redes de varejo dos segmentos de moda, cama, mesa e banho, educação e materiais de construção, a maioria em São Paulo.
Segundo Borges, a bandeira foi resultado da percepção de que o pequeno e médio varejo estavam desassistidos de facilidades financeiras que os grandes bancos disponibilizam por meio de parcerias com redes maiores, como Casas Bahia, Pão de Açúcar (SA:PCAR4) e Magazine Luiza (SA:MGLU3).
"Esses bancos só têm interesse em parceiros que podem dar escala aos seus produtos", diz Borges, ele mesmo um ex-executivo da área de cartões do Bradesco (SA:BBDC4).
Diferente da geração anterior dos cartões co-branded, que eram um veículo de financiamento apenas do varejista emissor, a Credz optou por um cartão de crédito tradicional, normalmente oferecido pelos lojistas para clientes de menor renda, público no qual o nível de bancarização é mais baixo.
Para dois terços da base de clientes, o limite de crédito é de 600 reais. No entanto, o cartão concede uma linha de crédito paralela para compras parceladas, de até 1,5 mil reais, desde que a compra seja financiada com juros.
"É um avanço em relação ao mercado tradicional, porque esse modelo reduz distorções criadas pelos subsídios cruzados da prática das vendas parceladas sem juros", diz Borges.
Ao contrário da tendência recente dominante, de oferecer cartões de crédito sem anuidade, modelo que ganhou expressão com plataformas eletrônicas como o Nubank, o cartão da Credz tem uma mensalidade de 14 reais para o portador.
"Em contrapartida, temos um programa de recompensas gratuito, enquanto nas fintechs ele é cobrado à parte; é um modelo de negócios diferente", explica o executivo.
Desde que surgiu há seis anos, a Credz está dobrando a base de clientes todo ano, com os cartões sendo aceitos na maioria dos terminais por meio de parcerias com as adquirentes líderes, Cielo (SA:CIEL3) e Rede.
Mais recentemente, porém, com a rápida multiplicação de novos entrantes em meios de pagamentos --e a consequente queda da fatia conjunta das líderes, da faixa de 90 para cerca de 70 por cento-- os cartões da Credz passaram a não ser aceitos num crescente número de estabelecimentos.
Diante disso, veio a parceria com a Visa.
"A bandeira Visa fortalece a marca do lojista e abre acesso às plataformas de inovação da Visa com ferramentas que ajudam a aumentar vendas, atrair e a fidelizar clientes", disse Borges.
Para a administradora brasileira, o acordo também abre a possibilidade de parcerias com varejistas em regiões fora do Centro-Sul do país.
A previsão da Credz é substituir a atual base de um milhão de cartões, movimento iniciado esta semana, até abril. Os novos cartões incluem tecnologia de pagamento por aproximação para compras de pequeno valor, o que é útil para pagar transporte público, já possível em algumas cidades.
A Credz marcou a volta ao mercado da família dona do Banco Zogbi, vendido ao Bradesco em 2003, com foco no nicho em que eram especializados, o financiamento de compras ao consumidor no médio e pequeno varejo. O grupo tem hoje 81 por cento da administradora de cartões. O restante é detido por Borges.
(Por Aluísio Alves)