Por Lisa Richwine
LOS ANGELES (Reuters) - Enquanto super-heróis, monstros e alienígenas lutam na tela grande, uma luta na vida real acontece nos bastidores para determinar o que os espectadores assistirão em seus cinemas locais.
A batalha fora da tela gira em torno da "janela" dos cinemas, o período de tempo em que um filme passa exclusivamente nos cinemas norte-americanos antes de ser lançado em DVD ou digital. Esse período dura em média 90 dias, mas a turbulência em todo o setor de mídia está alimentando o debate sobre se isso deve diminuir.
O que está em jogo é o futuro das salas de cinema e do entretenimento na tela pequena enquanto novos gigantes da tecnologia derrubam décadas de tradição em Hollywood.
A Netflix (NASDAQ:NFLX) exibiu filmes originais ao mesmo tempo, ou apenas algumas semanas depois, de sua estreia nos cinemas. A concorrente Amazon (NASDAQ:AMZN) Studios disse que gostaria que alguns de seus filmes fossem exibidos apenas de duas a oito semanas nos cinemas antes de entrar em seu serviço de streaming, Amazon Prime Video.
Muitos proprietários de cinemas se opõem, citando possíveis danos a seus negócios. O grupo que organiza o Oscar está ponderando se deve responder, e as celebridades mais importantes estão tomando partido.
Adam Aron, presidente-executivo da AMC Entertainment (NYSE:AMC), a maior rede de cinemas do mundo, disse que sua empresa "consideraria todas e quaisquer alternativas", mas quaisquer mudanças no atual padrão da indústria "teriam que ser benéficas ou neutras para nós".
Até mesmo a rainha do multiplex - a Walt Disney (NYSE:DIS) - está entrando no streaming, e está pronta para revelar detalhes de sua estratégia na quinta-feira. Isso alimentou a preocupação de que também possa querer filmes nas salas de estar mais cedo.
Os executivos da Disney insistem que permanecem firmes nas janelas existentes para grandes filmes. As franquias da Disney, como "Pantera Negra" e "Vingadores: Guerra Infinita", geraram um total de 7,3 bilhões de dólares nas bilheterias mundiais em 2018.
Em uma recente convenção da CinemaCon para donos de cinemas em Las Vegas, a Disney e outros estúdios enfatizaram a experiência especial de assistir a um filme em um cinema escuro.
"Muito mais pessoas tiveram seu primeiro beijo em um cinema do que na sala de estar de seus pais", disse Toby Emmerich, executivo sênior da Warner Bros, parte da WarnerMedia, da AT&T (NYSE:T), que também planeja entrar no mercado de streaming.
A Netflix está em negociações para comprar o Egyptian Theatre, um cinema histórico no coração de Hollywood, disse uma fonte com conhecimento do assunto. A Netflix sediará estreias e outros eventos do setor no cinema, que foi inaugurado em 1922, disse a fonte.
Alguns membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o grupo que organiza o Oscar, vêm debatendo se os filmes devem ser exibidos nos cinemas por um período específico para serem elegíveis.
Em fevereiro, a Netflix ganhou três Oscars por "Roma", que exibiu três semanas depois de uma estréia limitada nos cinemas. A Netflix escreveu no Twitter que "amava o cinema", mas também apoiava o acesso de pessoas que não podem pagar ou não moram perto deles.
O Departamento de Justiça alertou a Academia que alguns limites de elegibilidade poderiam ser anticompetitivos.
A questão pode ressurgir no final deste ano, quando a Netflix lança "The Irishman", um drama de máfia dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Robert De Niro e Al Pacino.
Os cineastas esperam que "The Irishman" seja amplamente exibido nos cinemas, disse De Niro em uma entrevista, embora eles percebam que o público-alvo da Netflix são seus clientes de streaming.