Por Jess Macy Yu e Paresh Dave
TAIPEI/SAN FRANCISCO (Reuters) - O Google, da Alphabet Inc anunciou que vai pagar 1,1 bilhão de dólares pela divisão da HTC Corp que desenvolve os smartphones Pixel, em sua segunda grande incursão em hardware de telefone após um fracasso dispendioso.
Com o negócio, que será totalmente em dinheiro, o Google assumirá 2.000 funcionários da HTC, cerca de um quinto da força de trabalho total da empresa taiwanesa. Também adquirirá uma licença não exclusiva para a propriedade intelectual da HTC e as duas empresas concordaram em explorar outras áreas de colaboração no futuro.
Apesar do Google não estar adquirindo nenhum ativo de manufatura, a transação enfatiza suas ambições para os smartphones Android, no momento em que a atenção dos consumidores e da mídia é amplamente focada na rival Apple Inc (NASDAQ:AAPL).
"O Google achou necessário ter sua própria equipe de hardware para ajudar a trazer inovações para dispositivos Android, tornando-os competitivos em relação à série iPhone", disse Mia Huang, analista da empresa de pesquisa TrendForce.
O negócio faz parte de um impulso mais amplo e ainda incipiente em hardware que levou o Google a contratar no ano passado Rick Osterloh, um ex-executivo da Motorola, para liderar sua divisão de hardware. O negócio com a HTC também ocorre antes do lançamento de novos produtos no dia 4 de outubro, que deverá incluir dois telefones Pixel e um Chromebook.
Os smartphones Pixel, lançados há apenas um ano, têm menos de 1 por cento de participação de mercado global, com estimativa de venda de 2,8 milhões de unidades, de acordo com a empresa de pesquisa IDC.
O Google terá como objetivo não repetir os erros cometidos quando adquiriu a Motorola Mobility por 12,5 bilhões de dólares em 2012. Após dois anos, a gigante da Internet vendeu a unidade para o grupo chinês Lenovo por menos de 3 bilhões de dólares, já que a Motorola não produziu produtos atraentes que pudessem competir com iPhones.
Desta vez, no entanto, o preço do negócio é muito menor e a ausência de unidades de fabricação também minimiza o risco.
A estratégia do Google de licenciar o Android gratuitamente e tirar proveito de serviços embutidos, como buscas e mapas, tornou o Android o sistema operacional móvel dominante com cerca de 89 por cento do mercado global, de acordo com o IDC.
Alguns analistas questionaram o acordo, dado o longo declínio da HTC. A empresa taiwanesa já vendeu um em cada 10 smartphones em todo o mundo, mas viu a participação de mercado diminuir acentuadamente diante da concorrência da Apple, Samsung Electronics Co e rivais chineses.