A Polícia Federal vai propor ao setor empresarial uma força-tarefa para o combate a crimes cibernéticos, inspirada em iniciativas que existem nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. O diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, apresentou algumas das experiências a representantes setoriais e empresariais na quinta-feira, 9 em encontro realizado na Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
"A ideia é estreitarmos a colaboração com o setor privado, trazendo (as empresas) para dentro de uma força tarefa liderada pela Polícia Federal, com o objetivo principal de enfrentar esses líderes de organizações criminosas para fraudar e sequestrar dados de empresas", diz Mauirino em vídeo gravado pela Federação, que será divulgado nesta sexta-feira.
Segundo Maiurino, a força-tarefa seria coordenada a partir de Brasília, em uma estrutura em que representantes das empresas trocariam informações "24 horas por dia, sete dias por semana" sobre os ataques que estão sofrendo, o que auxiliaria a PF e também a outras empresas no combate aos crimes.
Para preservar os interesses de cada negócio, a troca de informações seria regida por cláusulas de confidencialidade. A força-tarefa teria ainda acesso a dados que a PF recebe através de acordos de cooperação internacional, e de mecanismos como a Interpol.
O presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirma na gravação que a entidade vê a ideia com otimismo, e que o setor bancário tem "todo o interesse" na parceria proposta pela PF. "Nem o Estado sozinho e nem o setor privado vão conseguir enfrentar essa criminalidade", comenta.
"Nós representamos apenas um dos setores. Há outros, como o de varejo, com o qual nos reunimos agora, mas vamos ter a incumbência de capitanear esse processo e junto com outros setores, temos importantes potenciais de parceria", disse ainda Sidney.
Na quinta, de acordo com a Febraban, a reunião com Maiurino, fechada à imprensa, teve as presenças da secretária-executiva do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Fabíola Xavier; do presidente da Esfera Brasil, João Carlos Camargo, do conselheiro da Esfera Brasil, Pierpaolo Bottini; e dos presidentes do GPA (SA:PCAR3), Paulo Pompílio, e da Riachuelo (SA:GUAR3), Flavio Rocha.
O setor bancário vem cobrando punição mais dura a crimes cibernéticos por parte da lei brasileira. Dados citados por Sidney no vídeo dão conta de que os crimes de engenharia social no setor aumentaram 165% entre o primeiro semestre de 2020 e o mesmo período deste ano. Segundo ele, o setor investe R$ 2,5 bilhões ao ano em segurança cibernética.
Maiurino afirma ainda que em 2020, a PF instaurou 1.282 inquéritos contra crimes cibernéticos, e solucionou 93% deles.