Positivo: Setores público e corporativo impulsionam negócios, diz executivo

Publicado 25.03.2022, 12:43
Atualizado 25.03.2022, 14:55
© Reuters

Por Jessica Bahia Melo

Investing.com - Diversificação foi a palavra mais utilizada pela Positivo Tecnologia (SA:POSI3) ao justificar os resultados da companhia em 2021. O balanço, divulgado nesta semana, mostrou que a empresa vem apostando em novas frentes com lançamentos de produtos e serviços – até mesmo consertando equipamentos de concorrentes.  Hoje, mais de 20% da receita total são das novas vertentes de negócios: casa inteligente, servidores, terminais móveis de pagamento e serviços como Hardware as a Service (HaaS).

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A companhia, que se coloca como maior desenvolvedora e fabricante de tecnologia baseada em hardware do Brasil, apresentou um lucro líquido recorrente de R$ 41,8 milhões no quarto trimestre de 2021, um aumento de 279,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o Ebitda recorrente atingiu R$ 92,2 milhões, queda de 2,9% na mesma comparação.

A Positivo desenvolve, fabrica e comercializa computadores, celulares, tablets, dispositivos para casas e escritórios inteligentes, servidores e soluções para infraestrutura de TI, além de acessórios, terminais móveis de pagamento e tecnologias educacionais. Também oferece serviços integrados em locação de equipamentos de informática e mobilidade, mídia programática e assistência técnica. A empresa possui sede administrativa em Curitiba (PR), cinco fábricas no Brasil, além de presença na Argentina, Quênia, Ruanda, China e Taiwan.

Bolsa de Valores

As ações da Positivo Tecnologia encerraram 2021 com valorização de 120% e a companhia atingiu R$ 1,5 bilhão de valor de mercado em 31 de dezembro de 2021. Os papéis ingressaram no Índice Bovespa em 2022 e também no Índice IGPTW (Great Place to Work).

Neste ano, a cotação teve, no entanto, variação negativa de 20,83%, não escapando da penalização de ações de tecnologia no mundo inteiro com cenário de elevação global da taxa de juros e perspectiva de menor crescimento econômico.

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Mercado brasileiro

A mudança de hábitos com a pandemia – com maior número de pessoas no home office, por exemplo - levou a uma explosão dos números de compras de computadores nos últimos anos, mas a inflação e a deterioração do poder de compra do brasileiro afetaram o consumo pessoal desse item no quarto trimestre. É o que destacou Caio Moraes, vice-presidente de Relações com Investidores e Finanças, em entrevista ao Investing.com Brasil.

Moraes afirmou que a empresa prevê uma receita entre 25% e 50% superior em 2022 – e parte desse montante já está confirmado com a conquista de projetos da área pública já ganhos, com valores em torno de R$2 bilhões. Além disso, mais R$900 milhões foram destinados pelo governo para aquisição de urnas eletrônicas fornecidas pela companhia.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Moraes concedida ao Investing.com:

Investing.com - Quais foram os fatores que justificaram os resultados da companhia em 2021?

Caio Moraes - No ano passado, tivemos uma combinação de um mercado muito bom, tanto na parte de consumo quanto na parte corporativa e de instituições públicas. Nós alteramos essas três unidades de negócio, todas performaram bem. O consumo durante o ano até o final do terceiro trimestre foi muito bom. Ele deu uma engasgada no quarto. E no corporativo foi escalando, foi subindo ao longo do ano. No público, as compras foram bastante impulsionadas pelas aquisições de secretarias estaduais e também de empresas que começaram a renovar os aparelhos.

Começamos a diversificação em 2017, quando o mercado de PCs estava muito pra baixo no Brasil e no mundo como um todo. Entramos em celulares, servidores, tablets, em internet das coisas com casa inteligente e prestando serviços, além de soluções de pagamento. Vendemos maquininhas inteligentes, primeiro para a Cielo (SA:CIEL3), e agora estendemos essa oferta e vamos ter novos adquirentes que vão entrar ao longo do ano.

Na parte de serviços, cresceu bastante a assistência técnica e de manutenção. No final do ano passado, lançamos a Positivo Tech Services, que presta serviços não só para nossas marcas, mas para as outras no mercado. O oferecimento desse serviço já está em todo o país.

Inv.com - De que forma a mudança de hábitos com o home office impulsionou as vendas da companhia? Esse boom foi mantido em 2021?

CM - Houve um boom de consumo muito grande na pandemia. O computador voltou a ser pessoal, cada residência começou a ter N computadores onde ele era número de pessoas na família, justamente por causa do trabalho e ensino a distância. Isso se manteve praticamente ao longo do ano inteiro. O consumo deu uma retraída por causa da inflação mais alta, com um pouco mais de dificuldade de acesso a crédito.

Outra característica é que no começo da pandemia, as empresas e as instituições públicas não investiram muito, não renovaram parques, esperaram pra ver o que ia acontecer. E, ao longo do ano passado, começamos a perceber um investimento cada vez mais forte em tecnologia por parte das empresas e das escolas, exigindo não só apenas dispositivos, mas soluções. A renovação é uma característica que vai permanecer nas empresas e na área pública ainda por um período. O patamar mais alto de PCs no mundo deve se manter, com algum ajuste em consumo de varejo, mas com crescimento nas outras áreas.

Inv.com - A empresa tem sido afetada por preços de insumos ou dificuldades de fornecimento?

CM - Esse era um problema que iniciou no final de 2020, uma crise logística. O pico da crise foi em agosto, setembro do ano passado, que combinava preço dos componentes em moeda forte mais altos, fora o câmbio que também não estava ajudando tanto no ano passado e, ao mesmo tempo, custos logísticos e de embarque. Isso tende a se normalizar ao longo desse ano. Claro que sempre existem fatores que podem atrapalhar: lockdown, a guerra na Ucrânia, isso também acaba tendo impacto. Mas nós estamos percebendo desde o final do ano passado uma tendência de queda dos componentes, dos insumos em moeda forte, e o câmbio também deu um alívio. Então, hoje, estamos em uma situação mais favorável e conseguimos navegar por essa crise sem grandes impactos.

Inv.com - Quais serão os focos da companhia em 2022?

CM - Deve ser um terceiro ano seguido de crescimento, a receita fica entre cinco e seis bilhões de reais. Isso vem do fato de que, na área pública, nós já temos projetos contratados e a contratar em torno de dois bilhões de reais. Também temos as urnas eletrônicas, da primeira licitação que ganhamos. Ganhamos para 2022 e também para 2024, com entrega em 2023.

Na parte corporativa, estamos muito positivos, desculpa o trocadilho, muito confiantes no crescimento de algumas áreas. Primeiro, o crescimento do core business mesmo da parte corporativa que são os fornecimentos de computadores e de tablets. Conquistamos novos clientes ao longo do ano passado e também nesse ano, grandes clientes corporativos. Ainda, estamos muito fortes na pequena e média empresa que continua comprando muito. E, agora, temos uma vertente do HaaS, um negócio com um apelo bem bacana. A decisão estratégica que foi tomada lá atrás, de diversificar e entrar em novos segmentos, faz com que a companhia não seja apenas voltada para o varejo, parte pública ou só corporativa. Hoje temos um tripé e essas três unidades de negócio se equilibram muito bem.

 

 

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