BAALBEK, Líbano (Reuters) - Um ataque aéreo israelense destruiu um edifício da época do Império Otomano a poucos metros dos templos de Baalbek, Patrimônio da Humanidade da Unesco, no leste do Líbano, o mais próximo que Israel já chegou de atingir um dos sítios arqueológicos mais preciosos do Líbano.
Nesta quinta-feira, montes de alvenaria cinza e metal retorcido jaziam ao lado de um ônibus queimado a apenas algumas dezenas de metros do Patrimônio da Humanidade, um dia após onda de ataques que matou 40 pessoas na cidade e nos arredores.
O Exército israelense pediu aos moradores de toda a cidade que deixassem Baalbek, no leste do Vale de Bekaa, no Líbano, que abriga um dos maiores e mais bem preservados complexos de templos greco-romanos e fenícios do Levante.
A cidade vizinha tem sido alvo de repetidos ataques de Israel, sob o argumento de que líderes do movimento xiita Hezbollah, apoiado pelo Irã, abrigam-se no local.
O governador Bachir Khodr disse à Reuters que o prédio destruído no bairro histórico de Manshiyeh, nos arredores do antigo templo, era valioso em si porque datava da Era Otomana.
"É um bairro muito artesanal, normalmente cheio de turistas. Não havia ninguém naquele prédio", disse.
Nenhum dano ficou imediatamente visível no complexo do templo, mas ainda era muito cedo para ser conclusivo, segundo ele.
"Os guardas do castelo confirmaram visualmente que não houve danos, mas precisamos que especialistas -- engenheiros e arqueólogos -- venham dar uma olhada. Ninguém conseguiu fazer isso ainda por causa dos ataques", disse Khodr.
Maya Halabi, do Festival Internacional de Baalbek, disse que três edificações da Era Otomana já foram danificados por ataques israelenses nas últimas semanas, incluindo o Quartel Gouroud, o Hotel Palmyra e o prédio destruído na quarta-feira.
"A Acrópole -- onde estão os templos -- fica a poucos metros de distância. Eles ainda não foram danificados e esperamos que isso não aconteça", disse Halabi à Reuters.
Israel lançou um ataque terrestre e uma campanha aérea intenso contra o Hezbollah no final de setembro, após um ano de troca de disparos através da fronteira, paralelamente à guerra de Gaza.
Mais de 3.000 pessoas foram mortas em ataques israelenses ao Líbano no último ano, a grande maioria nas últimas seis semanas.
(Reportagem de Maya Gebeily)