AO VIVO: Lula assina MP contra tarifaço de Trump
Por Nidal al-Mughrabi e Maayan Lubell
CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) - Um importante jornalista da Al Jazeera, que já havia sido ameaçado por Israel, foi morto junto com quatro colegas em um ataque aéreo israelense no domingo, em um ataque condenado por jornalistas e grupos de direitos humanos.
Os militares israelenses disseram que atingiram e mataram Anas Al Sharif, alegando que ele chefiava uma célula militante do Hamas e estava envolvido em ataques com foguetes contra Israel.
A Al Jazeera rejeitou a afirmação e, antes de sua morte, Al Sharif também havia rejeitado alegações anteriores de Israel de que ele estava ligado ao Hamas.
Al Sharif, de 28 anos, fazia parte de um grupo de quatro jornalistas da Al Jazeera e um assistente que morreram em um ataque a uma barraca perto do Hospital Al Shifa, no leste da Cidade de Gaza, informaram autoridades de Gaza e a Al Jazeera. Um funcionário do hospital disse que outras duas pessoas também foram mortas no ataque.
Um sexto jornalista, Mohammad Al-Khaldi, um repórter freelancer local, também foi morto no ataque aéreo, disseram médicos do Hospital Al Shifa nesta segunda-feira.
Chamando Al Sharif de "um dos jornalistas mais corajosos de Gaza", a Al Jazeera afirmou que o ataque foi uma "tentativa desesperada de silenciar vozes em antecipação à ocupação de Gaza".
Os outros jornalistas mortos são Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher e Mohammed Noufal, segundo a Al Jazeera.
Nesta segunda-feira, pessoas se reuniram no cemitério Sheikh Radwan, no centro da Faixa de Gaza, para velar os jornalistas. Amigos, colegas e parentes se abraçaram e consolaram uns aos outros, muitos enxugando as lágrimas ao se despedirem.
Al Sharif já fez parte de uma equipe da Reuters que, em 2024, ganhou o Prêmio Pulitzer na categoria Fotografia de Breaking News pela cobertura da guerra entre Israel e Hamas.
Os militares israelenses disseram em um comunicado que Al Sharif chefiava uma célula do Hamas e "era responsável pelo avanço de ataques com foguetes contra civis israelenses e tropas da IDF (Forças de Defesa de Israel)", citando inteligência e documentos encontrados em Gaza como prova.
Grupos de jornalistas e a Al Jazeera denunciaram as mortes.
A guerra entre Israel e o Hamas em Gaza é a mais mortal já registrada para jornalistas, de acordo com o projeto Costs of War do Watson Institute for International and Public Affairs.
O escritório de mídia do governo de Gaza, administrado pelo Hamas, disse que 238 jornalistas foram mortos desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas afirma que pelo menos 186 jornalistas foram mortos no conflito de Gaza.
Um grupo de liberdade de imprensa e um especialista das Nações Unidas alertaram anteriormente que a vida de Al Sharif estava em perigo devido às suas reportagens em Gaza. A relatora especial da ONU, Irene Khan, disse no mês passado que as alegações de Israel contra ele não tinham fundamento.
A Al Jazeera disse que Al Sharif deixou uma mensagem nas mídias sociais para ser postada no caso de sua morte, que dizia: “... eu nunca hesitei em transmitir a verdade como ela é, sem distorção ou deturpação, esperando que Deus testemunhasse aqueles que permaneceram em silêncio.”
(Reportagem de Hatem Maher, Nidal Al-Mughrabi e Ahmed Tolba)