Por Jarrett Renshaw e Jeff Mason
CHICAGO (Reuters) - O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, endossará a candidatura presidencial de sua aliada política de longa data Kamala Harris na noite desta terça-feira, em um discurso badalado que busca impulsionar a sua nova e ainda não testada campanha à Casa Branca.
Aos 63 anos, Obama tem grande interesse em influenciar seu partido nos bastidores e mantém um legado e uma voz que se destacam em momentos de crise, como durante as confusas deliberações que levaram o presidente norte-americano, Joe Biden, a deixar a disputa e apoiar Kamala, 59 anos.
Quase oito anos após o fim de seu período na Presidência dos EUA, Obama continua sendo um dos democratas mais populares do país, à frente de Kamala e do atual governo, segundo pesquisas de opinião pública.
Em um discurso no horário nobre da Convenção Nacional Democrata nesta terça-feira, o primeiro presidente negro dos EUA emprestará seu carisma a uma campanha com poucas especificidades políticas, que até o momento tem se apoiado em um clima alegre e no alívio dos democratas, satisfeitos com o fim da campanha de Biden.
Biden foi o centro das atenções na noite de abertura da convenção na última segunda-feira, aplaudido de pé pelos fiéis do partido e, mesmo a cinco meses do fim do seu mandato, dando um discurso de despedida para o partido ao qual serviu por meio século.
Assim como seus sucessores, Obama presidiu um país muito dividido. Mas suas vitórias foram invejáveis para os padrões atuais de um democrata: ele venceu em 2008 e 2012 por margens saudáveis no Colégio Eleitoral, conquistando não apenas Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, mas também Flórida, Iowa e Ohio, Estados agora considerados fora do alcance de Kamala e do companheiro de chapa Tim Walz.
Mas sua Presidência também alimentou a ascensão do republicano Donald Trump como uma figura titânica da direita, um legado amargo para os progressistas sobre o qual ele poderá refletir em seu discurso.
Em seu discurso, Obama descreverá o que acredita que levará Kamala à vitória e, ao mesmo tempo, alertará os democratas para a difícil tarefa que enfrentarão nas próximas 11 semanas, segundo uma fonte com conhecimento das suas declarações.
UMA CORRIDA APERTADA
Kamala e Trump estão envolvidos em uma disputa presidencial acirrada que provavelmente será decidida em alguns Estados cruciais, segundo as pesquisas.
"O presidente Obama acredita que este é um momento em que todos estão prontos para trabalhar e está empenhado em fazer tudo o que puder para eleger a vice-presidente Harris e os democratas de todo o país", disse Eric Schultz, assessor de Obama.
Obama fará aparições nas próximas semanas onde ele acredita que pode ajudar a mover a agulha e persuadir os eleitores, especialmente nos Estados cruciais que provavelmente decidirão a eleição, disse Schultz.
A ex-primeira-dama Michelle Obama também deve discursar na convenção, enfatizando a necessidade de o país virar a página do medo e da divisão, segundo uma fonte com conhecimento de seus planos.
Em 2016, ela ofereceu um bordão memorável: "When they go low, we go high" (Quando eles se rebaixam, nós nos elevamos), em um discurso de apoio à campanha presidencial de Hilary Clinton. Hilary discursou na convenção na segunda-feira.