Por Andrei Makhovsky
MINSK (Reuters) - Belarus disse, nesta quarta-feira, que a polícia disparou munição letal contra manifestantes na cidade de Brest e prendeu mais de 1.000 pessoas ao redor do país, intensificando a repressão que levou a União Europeia a avaliar novas sanções contra Minsk.
Forças de segurança entraram em conflito com manifestantes durante três noites seguidas após o presidente Alexander Lukashenko reivindicar uma vitória ampla de sua candidatura à reeleição, em um pleito no último domingo que seus adversários alegam ter sido manipulado.
Centenas de manifestantes foram às ruas novamente na quarta-feira. Mulheres vestidas de branco formaram uma corrente humana no lado de fora de um mercado de alimentos na capital Minsk, e uma multidão se reuniu no lado de fora de uma prisão onde manifestantes estavam presos.
Lukashenko tem buscado relações melhores com o Ocidente, em meio a relações tensas com a Rússia, uma tradicional aliada. Bruxelas levantou, em 2016, sanções que haviam sido impostas por causa do histórico de direitos humanos de Lukashenko, mas considerará novas medidas esta semana.
Ex-administrador de fazendas coletivas da União Soviética, Lukashenko, 65, governa Belarus há mais de 25 anos, mas tem causado irritação pela maneira como lidou com a pandemia de coronavírus, pela situação econômica e pelos direitos humanos.
“Eu vim apoiar aqueles que saem à noite”, disse Elena, manifestante falando no lado de fora do mercado. “Não foi apenas meu voto que foi roubado, mas 20 anos da minha vida. As autoridades precisam cair fora.”
CONFLITOS
O Ministério do Interior de Belarus disse que 51 manifestantes e 14 policiais foram feridos nos conflitos da noite de terça-feira.
Em Brest, cidade no sudoeste de Belarus, na fronteira com a Polônia, a polícia disparou munição letal depois que alguns manifestantes, segundo ela, armados com barras de metais, ignoraram tiros de alerta disparados para o ar, afirmou o ministério. Uma pessoa ficou ferida.
Lukashenko foi acusado pelos manifestantes de estar em conluio com financiadores estrangeiros da Rússia e outros locais.
A imprensa estatal de Belarus mostrou nesta semana imagens de uma van em Minsk, com placa russa, dizendo que estava cheia de munição e barracas.
Rastreado pela Reuters, o dono da van, Valdemar Grubov, afirmou que era um produtor de cinema e que seu veículo continha apenas seus próprios objetos pessoais.
Ele disse que não conseguiu recuperar sua van por causa de restrições contra a pandemia de Covid-19 e que não estava envolvido em nenhuma conspiração estrangeira.
A adversária de Lukashenko na eleição de domingo, Sviatlana Tsikhanouskaya, ex-professora de inglês de 37 anos, fugiu para a vizinha Lituânia para se encontrar com seus filhos. Ela pediu que seus compatriotas não se oponham à polícia e evitem colocar suas vidas em risco.
(Reportagem adicional de Anton Zverev e Rinat Sagdiev em Moscou, Gabriela Baczynska em Bruxelas e Anna Ringstrom em Estocolmo)