Por Steve Holland e David Morgan e Nandita Bose
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta sexta-feira que pretende derrotar o rival republicano Donald Trump na eleição presidencial de novembro, não dando nenhum sinal de que consideraria desistir da disputa após um fraco desempenho no debate que desanimou os democratas.
"Sei que não sou um homem jovem, para dizer o óbvio", disse Biden, animado, em um comício um dia após o confronto direto com seu rival republicano, que foi amplamente visto como uma derrota para o presidente de 81 anos.
"Não ando tão facilmente como costumava andar, não falo tão suavemente como costumava falar, não debato tão bem como costumava debater", disse ele, enquanto a multidão gritava "mais quatro anos".
"Eu não estaria concorrendo novamente se não acreditasse de todo o meu coração e alma que posso fazer esse trabalho. Tem muita coisa em jogo", disse Biden.
Os tropeços verbais e as respostas ocasionalmente sinuosas de Biden no debate aumentaram as preocupações dos eleitores de que ele poderia não estar apto a cumprir outro mandato de quatro anos e levaram alguns de seus pares democratas a se perguntar se poderiam substituí-lo como seu candidato para a eleição de 5 de novembro nos EUA.
Por sua vez, Trump, de 78 anos, apresentou uma série de falsidades durante o debate e desviou de perguntas, aumentando ainda mais as preocupações sobre sua própria aptidão para o cargo, mas grande parte do foco depois foi diretamente sobre Biden, especialmente entre os democratas.
Hakeem Jeffries, líder do Partido Democrata na Câmara dos Deputados dos EUA, evitou responder diretamente quando perguntado se ainda tinha fé na candidatura de Biden.
"Eu apoio a chapa. Apoio a maioria democrata do Senado. Faremos todo o possível para retomar a Câmara em novembro. Obrigado a todos", disse ele aos repórteres.
Outros democratas também hesitaram quando perguntados se Biden deveria permanecer na disputa. "Essa é uma decisão do presidente", disse o senador democrata Jack Reed a uma estação de TV local em Rhode Island.
A equipe de campanha de Biden disse que arrecadou 14 milhões de dólares na quinta e nesta sexta-feira e registrou sua melhor hora de arrecadação de fundos imediatamente após o debate de quinta-feira à noite. A campanha de Trump disse que arrecadou 8 milhões de dólares na noite do debate.
Um possível ponto positivo para Biden: dados preliminares de audiência mostraram que apenas 48 milhões de norte-americanos assistiram ao debate, muito aquém dos 73 milhões que assistiram ao último confronto entre os candidatos em 2020.
Biden, que já é o presidente norte-americano mais velho da história, enfrentou apenas uma oposição simbólica durante a disputa de indicação do partido, que durou meses, e conseguiu apoio suficiente para garantir sua vaga como candidato democrata.
Da mesma forma, o ex-presidente Trump superou seus adversários no Partido Republicano no início do ano, preparando o terreno para uma longa e amarga disputa nas eleições gerais.
Três colunistas da seção de opinião de esquerda do New York Times pediram que Biden desistisse da disputa.
Um doador de Biden, que pediu anonimato, chamou seu desempenho de "desqualificante" e previu que alguns democratas voltariam a pedir que ele se afastasse.
Isso daria ao partido tempo para escolher outro candidato em sua convenção nacional, que começa em 19 de agosto -- um processo potencialmente confuso que poderia colocar Kamala Harris, a primeira mulher negra vice-presidente do país, contra governadores e outros detentores de cargos cujos nomes foram apresentados como possíveis substitutos.
Líderes democratas minimizaram essa possibilidade.
"Não é provável que isso aconteça", disse o copresidente da campanha de Biden, Mitch Landrieu, na CNN.
Um integrante da equipe da campanha, falando sob condição de anonimato, disse que eles estavam frustrados com o desempenho de Biden e esperavam que isso levasse os principais estrategistas a repensar sua abordagem.
A ex-presidente da Câmara dos Deputados Nancy Pelosi e outros democratas seniores -- incluindo possíveis substitutos como o governador da Califórnia, Gavin Newsom -- disseram que não estavam abandonando Biden.
((Tradução Redação São Paulo)) REUTERS AC