Por William James
LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, exortou os jovens nesta quinta-feira a não deixarem de votar no referendo de 23 de junho sobre a filiação do país à União Europeia, alertando que eles seriam os mais afetados por um rompimento com o bloco.
Diante de uma opinião pública dividida por igual, os eleitores jovens devem desempenhar um papel importante no resultado da votação, já que pesquisas mostram que, em geral, eles são mais pró-Europa, mas menos inclinados a votar --o que não é obrigatório.
Cameron, que deseja que a Grã-Bretanha continue no bloco de 28 nações, falava no lançamento de uma campanha especificamente voltada ao eleitorado jovem.
"Façam o que fizerem, em 23 de junho não deixem de votar. É a sua voz, é seu futuro, é vital para vocês, vital para nosso país", afirmou.
A intervenção visa aumentar o comparecimento dos eleitores e assim melhorar as perspectivas da campanha do "fica", que vem perdendo terreno para os eurocéticos, segundo algumas pesquisas de opinião recentes.
Mas as sondagens mostram que os eleitores mais jovens tendem a apoiar o Partido Trabalhista, opositor e de centro-esquerda, e Cameron tem passado por algumas semanas difíceis na esteira de uma disputa em relação ao orçamento, acusações de não proteger a indústria do aço britânica e questionamentos sobre o envolvimento de seu falecido pai nos "Panama Papers".
O baixo comparecimento foi visto como um dos fatores por trás de uma derrota do governo holandês na quarta-feira em um referendo que rejeitou um tratado da UE sobre o aprofundamento da integração com a Ucrânia.
Indagado sobre o desfecho daquela votação, Cameron disse não haver comparações diretas com o referendo de seu país.
Ele argumentou que as perspectivas de emprego para os jovens seriam afetadas de maneira desproporcional pelo impacto econômico de uma saída da UE.
"Vocês têm mais a ganhar ficando em uma União Europeia reformada, e vocês também têm mais a perder se sairmos", disse.
Os defensores da "saída" minimizaram a afirmação, dizendo que o dinheiro enviado a Bruxelas, sede da UE, em respeito aos termos de filiação da Grã-Bretanha está aumentando a dívida nacional, que terá que ser saldada pelos trabalhadores jovens.