Por Valerie Volcovici
WASHINGTON (Reuters) - O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta quarta-feira que os países precisam confrontar não apenas a indústria dos combustíveis fósseis, mas também empresas que apoiam as tentativas de obstruir ações climáticas.
O chefe da ONU, um crítico de longa data do papel das empresas de petróleo e gás de impulsionar as mudanças climáticas, repreendeu a indústria por gastar bilhões para “distorcer a verdade, enganar o público e semear dúvidas” sobre as mudanças climáticas, ao mesmo tempo investindo “míseros 2,5%” do seu capital inteiro em alternativas de energia limpa.
Ele foi além em um discurso no Museu de História Natural de Nova York, criticando também instituições financeiras e empresas de mídia e relações públicas por apoiarem os anúncios da indústria e aceitarem conteúdos patrocinados.
“Peço que essas empresas parem de agir como facilitadoras da destruição planetária”, afirmou Guterres, em comentários preparados. “Parem de aceitar novos clientes de combustíveis fósseis, a partir de hoje, e elaborem planos para abandonar os atuais.”
Os países deveriam proibir esse tipo de anúncio, disse, como muitos fizeram para tabaco e outros produtos que se provaram danosos para a saúde dos seres humanos.
Os comentários do secretário-geral da ONU no Dia Mundial do Meio-Ambiente foram feitos no momento em que grandes empresas de petróleo e gás estão reagindo a acionistas ativistas que cobram mais ações climáticas corporativas, e com alguns parlamentares norte-americanos intensificando suas investigações para determinar se a indústria está se comportando de maneira enganosa.
A indústria de petróleo dos EUA tem refutado as acusações de que atrapalha o progresso climático. O Instituto Americano de Petróleo disse recentemente que os inquéritos sobre as ações do setor são uma “distração política”.