Por Daniel Ramos e Mitra Taj
LA PAZ (Reuters) - O resultado das eleições presidenciais na Bolívia estava à beira do caos nesta segunda-feira, com uma contagem preliminar sugerindo que deveria acontecer um segundo turno, mas com o presidente Evo Morales insistindo que conseguira garantir votos suficientes no primeiro turno de domingo para uma vitória.
A incerteza provocou temores entre observadores e diplomatas sobre possíveis manipulações dos votos para evitar um segundo turno e provocou inquietação sobre o que poderia ocorrer no país, enquanto Chile e Equador enfrentam violência nas ruas.
"A região está em convulsão. Na Bolívia, até agora, houve tensões, mas poderíamos ir de tensão a uma convulsão se Morales tentar forçar uma vitória no primeiro turno", disse o analista político boliviano Franklin Pareja.
Morales liderava com 45% dos votos contra 38% do principal rival Carlos Mesa, de acordo com uma contagem preliminar de cédulas do conselho eleitoral da Bolívia. Outras pesquisas também mostravam uma disputa acirrada que levaria a um segundo turno.
Aumentando a confusão, o jornal oficial Cambio divulgou nesta segunda-feira uma manchete de primeira página dizendo que Morales havia vencido, assegurando seu quarto mandato consecutivo.
No final do domingo, no entanto, a autoridade eleitoral havia interrompido a contagem provisória com apenas 83,76% da votação realizada. Essa ação levou o monitor oficial, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a exigir saber a razão disso.
"É crucial que esse processo seja realizado de forma rápida e transparente", disse a OEA nesta segunda-feira, à medida que os temores de uma agitação aumentaram e Mesa disse que estava indo para a cidade industrial de Santa Cruz para apoiar grupos que se mobilizam para exigir o segundo turno da votação.
Brasil, Argentina e Estados Unidos também expressaram preocupação com a interrupção da divulgação oficial de resultados.
"As autoridades eleitorais devem restabelecer imediatamente a credibilidade e a transparência do processo, para que a vontade do povo boliviano seja respeitada", disse Michael Kozak, secretário de Estado assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, no Twitter.