Em sessão especial, Assembleia Geral da ONU se prepara para isolar a Rússia

Publicado 28.02.2022, 15:36
© Reuters.

Por Michelle Nichols

NOVA YORK (Reuters) - A Assembleia Geral das Nações Unidas, com 193 membros, começou a se reunir nesta segunda-feira para uma sessão especial sobre a crise na Ucrânia antes de uma votação nesta semana para isolar a Rússia, lamentando sua "agressão contra a Ucrânia" e exigindo que as tropas russas parem de lutar e se retirem do país.

A Assembleia Geral votará esta semana um projeto de resolução semelhante ao texto vetado pela Rússia no Conselho de Segurança da ONU na última sexta-feira. Nenhum país tem veto na Assembleia Geral, e diplomatas ocidentais esperam que a resolução, que precisa de dois terços do apoio, seja adotada.

Embora as resoluções da Assembleia Geral não sejam vinculativas, elas têm peso político. Os Estados Unidos e aliados vêem a ação nas Nações Unidas como uma chance de mostrar que a Rússia está isolada por causa da invasão da vizinha Ucrânia.

O projeto de resolução já tem pelo menos 80 co-patrocinadores, disseram diplomatas na segunda-feira. Mais de 100 países devem falar antes da votação da Assembleia Geral.

O embaixador francês na ONU, Nicolas de Riviere, disse: "Ninguém pode desviar o olhar, a abstenção não é uma opção".

As negociações de cessar-fogo entre autoridades russas e ucranianas começaram na fronteira bielorrussa na segunda-feira, enquanto a Rússia enfrenta um isolamento econômico cada vez mais profundo, mas foram encerras nesta segunda sem avanço. Um novo encontro deve acontecer nos próximos dias.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse esperar que as negociações "produzam não apenas uma interrupção imediata dos combates, mas também um caminho para uma solução diplomática".

Guterres descreveu a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, no domingo, de colocar as forças nucleares da Rússia em alerta máximo como um "desenvolvimento assustador", dizendo à Assembleia Geral que o conflito nuclear é "inconcebível".

O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, descreveu a ordem de Putin de colocar as forças nucleares russas em alerta como "loucura".

"Se ele quer se matar, ele não precisa usar um arsenal nuclear, ele tem que fazer o que o cara em Berlim fez em um bunker em 1945", disse Kyslytsya à Assembleia Geral, referindo-se ao suicídio de Adolf Hitler.

Guterres também alertou sobre o impacto do conflito sobre os civis e disse que pode se tornar a pior crise humanitária e de refugiados da Europa em décadas.

"Embora os ataques russos tenham como alvo principal instalações militares ucranianas, temos relatos confiáveis de edifícios residenciais, infraestrutura civil crítica e outros alvos não militares que sofreram danos pesados", disse ele.

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse que as ações da Rússia na Ucrânia estão sendo "distorcidas". Ele disse à Assembleia Geral: "O exército russo não representa uma ameaça para os civis da Ucrânia, não está bombardeando áreas civis".

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