Estudantes estrangeiros de Harvard enfrentam limbo após Trump revogar matrículas

Publicado 23.05.2025, 14:28
Atualizado 23.05.2025, 14:30
© Reuters. Universidade de Harvard em Cambridgen15/4/2025    nREUTERS/Faith Ninivaggi

Por Sam Tabahriti e Charlotte Van Campenhout

LONDRES/AMSTERDÃ (Reuters) - Milhares de estudantes estrangeiros da Universidade de Harvard ficaram presos em um limbo administrativo e procuraram alternativas nesta sexta-feira, após o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revogar a capacidade de Harvard de matricular estudantes estrangeiros.

No final do dia, um juiz dos EUA suspendeu temporariamente a medida do governo Trump, horas depois de Harvard abrir ação contra a revogação de matrículas no tribunal federal de Boston, trazendo incerteza sobre o caminho à frente.

Atualmente, Harvard tem quase 7.000 alunos estrangeiros, o que representa cerca de 27% de seu total de matrículas.

Desde que assumiu o cargo em janeiro, Trump tem atacado as universidades da Ivy League, acusando-as de promover ideologias antiamericanas, marxistas e de "esquerda radical".

Embora outras universidades possam aproveitar a chance de obter mais alunos do nível de Harvard, é improvável que seja fácil aceitar uma grande quantidade deles faltando apenas três meses para o início do próximo ano acadêmico.

Uma estudante britânica da Universidade de Cambridge, que deveria iniciar seu mestrado na Escola de Educação de Harvard em setembro, não acreditava que o governo Trump fosse realmente levar adiante a proibição de estudantes internacionais.

A estudante, que se comunica regularmente com outros estudantes internacionais aceitos em Harvard e pediu para não ser identificada para poder falar livremente, disse que o principal consenso era que "honestamente não há nada que possamos fazer agora".

Ela disse que, se fosse para Harvard como planejado, estava preocupada com a as chances de não poder se expressar abertamente.

"É preocupante em qualquer lugar, mas especialmente em um campus estudantil onde a troca de ideias deve ser celebrada. Se eu acabar indo para Harvard, entrando no campus, sei que serei observada como uma estudante internacional de certas maneiras."

ATRASOS NO VISTO

Antes da intervenção do juiz dos EUA desta sexta-feira, estudantes estrangeiros disseram que já estavam enfrentando atrasos em seus pedidos de visto dos EUA desde quinta-feira.

Um estudante foi informado por seu entrevistador da imigração que, embora seus documentos estivessem em ordem, o pedido de visto estava em espera para "processamento administrativo adicional" devido a acontecimentos recentes, de acordo com um grupo de mensagens privadas para estudantes estrangeiros visto pela Reuters. Segundo eles, a informação é que o processo poderia levar 60 dias.

"Tudo está no limbo agora e estamos apenas esperando para ver", disseram.

Abdullah Shahid Sial,  estudante paquistanês de Harvard que também é copresidente do corpo diretivo para alunos de graduação, disse que alguns estudantes já estavam pensando em se mudar para outras universidades.

"Estamos tentando trabalhar com a administração da universidade para oferecer assistência ativa aos alunos que estão dispostos (ou são forçados) a se transferir para outras universidades -- dentro e fora dos Estados Unidos", disse ele em um email.

Com algumas instituições dos EUA sob o cerco do governo Trump, estudantes estrangeiros podem começar a procurar outros lugares do mundo, como Reino Unido, Austrália, Holanda, Irlanda, Hong Kong e Cingapura, apesar das dores de cabeça logísticas de curto prazo.

Entre as que poderão se beneficiar estão as universidades do chamado Russell Group no Reino Unido, que compreende 24 de suas principais instituições de ensino superior. O Russell Group não respondeu a um pedido de comentário.

Um relatório encomendado pelo governo britânico em 2024 concluiu que o Reino Unido deveria evitar restringir o número de estudantes internacionais ou algumas universidades poderiam entrar em colapso.

Corinne Feuz, porta-voz do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, disse que a universidade espera começar a receber rapidamente inscrições de alunos que mudaram de ideia sobre estudar nos EUA.

"Essas medidas recentes contra a Universidade de Harvard podem mudar a situação e nos levar a receber os melhores alunos do mundo", disse Feuz.

A ETH Zurich, da Suíça, alma mater do físico Albert Einstein, informou que 22 alunos da ETH poderiam ser afetados pelas mudanças nas normas de visto.

O Trinity College Dublin afirmou que era muito cedo para dizer se haveria um fluxo de alunos de Harvard.

(Reportagem de Sam Tabahriti, Charlotte Van Campenhout, Catarina Demony, Olivia Le Poidevin e Dave Graham; redação de Charlie Devereux)

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