Por David Brunnstrom e Humeyra Pamuk
WASHINGTON (Reuters) - O governo dos Estados Unidos disse na quinta-feira que está exigindo que o centro que administra o Instituto Confúcio, que recebe financiamento estatal chinês, nos EUA o registre como uma missão estrangeira, mais um sinal da deterioração das relações bilaterais entre Washington e Pequim.
Em um comunicado, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, rotulou o Centro do Instituto Confúcio de Washington como "uma entidade que fomenta a propaganda global de Pequim e uma campanha de influência maligna nos campi e nas salas de aula K-12 (do jardim de infância aos 12 anos) dos EUA".
David Stilwell, o diplomata mais graduado dos EUA no leste asiático, disse em uma entrevista coletiva que as dezenas de filiais do Instituto Confúcio em seu país não estão sendo expulsas, mas que as universidades norte-americanas deveriam "analisar com atenção" o que estão fazendo nos campi.
As interações acadêmicas precisam acontecer sem intrusão governamental, disse Stilwell.
A China criticou duramente a medida, que "demoniza e estigmatiza" o funcionamento normal do programa, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, em uma entrevista coletiva nesta sexta-feira.
Ele disse que as filiais são abertas e transparentes e que cumprem as leis locais e os regulamentos universitários, acrescentando que a China se reserva o direito de adotar ações adicionais.
Pompeo disse que o objetivo da medida é garantir que as escolas norte-americanas "possam fazer escolhas bem informadas sobre se estes programas apoiados pelo PCC (Partido Comunista chinês) deveriam ter permissão de continuar, e se deveriam, de que maneira".
"Os Estados Unidos querem fazer com que os estudantes dos campi dos EUA tenham acesso à linguagem e às benesses culturais chineses livres da manipulação do Partido Comunista chinês e seus representantes", disse.
Pompeo disse que o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, priorizou a busca de um tratamento justo e recíproco da China e que Pequim desfrutou de um acesso livre e aberto à sociedade dos EUA negando o mesmo acesso a norte-americanos e outros estrangeiros na China.
No ano passado, os departamentos de Estado e de Educação dos EUA prometeram um monitoramento mais rígido das filiais do Instituto Confúcio, que são criticadas no Congresso e em outros locais por alegadamente serem, na prática, instrumentos de propaganda do governo comunista chinês.
Em junho, o Departamento de Estado anunciou que começaria a tratar quatro grandes veículos de mídia da China como embaixadas estrangeiras, classificando-os como porta-vozes de Pequim.
(Por David Brunnstrom, Humeyra Pamuk, Tim (SA:TIMP3) Ahmann e Jonathan Landay, Cate Cadell)