EUA vão revogar visto do presidente da Colômbia por comentários em manifestação pró-palestina

Publicado 27.09.2025, 09:46
Atualizado 27.09.2025, 09:49
EUA vão revogar visto do presidente da Colômbia por comentários em manifestação pró-palestina

Por Ismail Shakil e Brendan O’Boyle

(Reuters) - Os Estados Unidos disseram que vão revogar o visto do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, depois que ele foi às ruas de Nova York na sexta-feira em uma manifestação pró-palestina, pedindo que os soldados norte-americanos desobedecessem às ordens do presidente Donald Trump.

"Revogaremos o visto de Petro devido às suas ações imprudentes e incendiárias", publicou o Departamento de Estado no X.

Petro, dirigindo-se a uma multidão de manifestantes pró-palestinos do lado de fora da sede da ONU, em Manhattan, pediu uma força armada global com prioridade para libertar os palestinos, acrescentando: "Essa força tem que ser maior que a dos Estados Unidos".

"É por isso que, daqui, de Nova York, peço a todos os soldados do exército dos Estados Unidos que não apontem suas armas para as pessoas. Desobedeçam às ordens de Trump. Obedeçam às ordens da humanidade", disse Petro em espanhol.

A Reuters não pôde confirmar imediatamente se Petro ainda estava em Nova York. Seu gabinete e o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.

CONFLITOS POR CAUSA DA GUERRA DE GAZA

O governo Trump vem reprimindo vozes pró-palestinas, enquanto países como França, Reino Unido, Austrália e Canadá reconheceram um Estado palestino -- ações que irritaram Israel e seu aliado, os EUA.

Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia e um oponente ferrenho da guerra de Israel em Gaza, atacou Trump em seu discurso na Assembleia Geral da ONU na terça-feira, dizendo que o líder norte-americano era "cúmplice de genocídio" em Gaza.

Ele também pediu "processos criminais" sobre os ataques de mísseis dos EUA contra barcos suspeitos de tráfico de drogas em águas caribenhas.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, discursando na assembleia na sexta-feira, denunciou os países ocidentais por adotarem o Estado palestino, acusando-os de enviar a mensagem de que "matar judeus compensa".

Israel iniciou sua ofensiva em Gaza após um ataque liderado pelo grupo militante palestino Hamas, em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas e fez 251 reféns. Desde então, a campanha militar israelense em Gaza matou mais de 65.000 palestinos, segundo as autoridades de saúde de Gaza, e deslocou toda a população do estreito enclave.

Vários especialistas em direitos humanos dizem que isso equivale a genocídio -- uma acusação negada com veemência por Israel, que afirma que a guerra é legítima defesa.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, discursou na ONU por vídeo na quinta-feira, depois que o governo Trump disse que não lhe daria visto para ele viajar a Nova York.

O gabinete de Abbas disse na época que sua proibição de visto violava o acordo de sede da ONU de 1947, segundo o qual os EUA geralmente são obrigados a permitir o acesso de diplomatas estrangeiros à organização. No entanto, Washington disse que pode negar vistos por razões de segurança, extremismo e política externa.

INÍCIO DIFÍCIL COM TRUMP

Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial da Colômbia e seu maior aliado na luta contra o tráfico de drogas, mas as relações entre os dois países começaram mal logo depois que Trump retornou ao poder, em janeiro, quando Petro se recusou a aceitar voos militares transportando deportados na repressão imigratória do presidente norte-americano.

Petro afirmou que os cidadãos de seu país estavam sendo tratados como criminosos. Mas rapidamente mudou de ideia e concordou em aceitar os migrantes, depois que ambos os países ameaçaram impor tarifas um ao outro e após os EUA cancelarem os agendamentos de vistos para colombianos.

Este mês, Trump colocou a Colômbia em uma lista de países que Washington diz que não cumpriram seus acordos antinarcóticos, culpando a liderança política colombiana.

Petro assumiu o poder em 2022 sinalizando acordos com grupos armados, mas mudou de ideia no ano passado, prometendo domar as regiões produtoras de coca com uma intervenção social e militar massiva. A estratégia teve pouco sucesso.

(Reportagem de Ismail Shakil em Ottawa, Brendan O’Boyle na Cidade do México, Luis Jaime Acosta em Bogotá e Kanishka Singh em Washington)

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