Por Aislinn Laing
SANTIAGO (Reuters) - O diretor do órgão regulador de saúde do Chile disse que não vê evidências de problemas de segurança com a Sputnik V, vacina contra Covid-19 desenvolvida na Rússia, apesar da rejeição do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta semana por falta de informações sobre sua segurança.
Heriberto Garcia, diretor do Instituto de Saúde Pública do Chile (ISP), disse que o país está buscando esclarecimento dos desenvolvedores da vacina sobre a possível presença de um adenovírus que pode se reproduzir, criando possivelmente uma reação negativa.
A agência brasileira rejeitou na segunda-feira liberar a importação da Sputnik V. Entre as alegações, o órgão disse que faltavam documentos para atestar a segurança, eficácia e qualidade do imunizante. No achado mais grave, segundo a agência, foi constatada a presença de adenovírus replicante na formulação da vacina.
Mas o diretor do ISP acrescentou que os dados do mundo real da Argentina e do México, onde a Sputnik V já está sendo utilizada, mostraram que as reações entre os que tomaram a vacina russa não foram maiores do que entre os cidadãos chilenos que receberam os imunizantes da PFizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) - BioNTech (DE:22UAy) (SA:B1NT34) ou da Sinovac (NASDAQ:SVA).
Ele disse que mesmo que os fabricantes da Sputnik V fornecessem informações sugerindo a presença de adenovírus replicantes (RCA), o ISP não necessariamente a rejeitaria.
"Temos que ponderar o benefício de ser vacinado e não ser vacinado", declarou ele à Reuters em entrevista pelo Zoom. "Se o vírus se replicar, você vai pegar no máximo um resfriado comum. Se não for vacinado, você pode pegar Covid-19."
Os adenovírus --uma categoria de vírus que podem causar uma série de doenças em humanos, como o resfriado comum-- costumam ser aproveitados como vetores virais para vacinas. No entanto, as diretrizes globais de saúde alertam contra "adenovírus replicantes" que podem se multiplicar dentro do corpo do paciente, possivelmente criando uma reação negativa.
O Instituto Gamaleya de Moscou, que desenvolveu a Sputnik V, disse em um comunicado à Reuters nesta sexta-feira que não foram detectados adenovírus replicantes em nenhum dos lotes da vacina Sputnik V.
Na quinta-feira, a Anvisa rebateu as acusações feitas pelos desenvolvedores da Sputnik V de que teria rejeitado a importação da vacina russa contra a Covid-19 com base em informações falsas, e apresentou documentos e o vídeo de uma reunião para embasar a afirmação sobre a presença do chamado adenovírus replicante no imunizante.